A Marinha do Brasil (MB) prestou homenagem, nesta terça-feira (4), aos cinco marinheiros do Navio Mercante “Pelotasloide”, mortos durante um ataque do submarino alemão U-590, na Segunda Guerra Mundial, em 4 de julho de 1943, em Salinas, na costa do Pará. A tripulação do Navio-Patrulha “Bocaina” lançou uma coroa de flores ao mar, na posição do naufrágio, às 12h45, horário do torpedeamento, há exatos 80 anos.

A homenagem ocorre no mês em que a MB, tradicionalmente, relembra os marinheiros, civis e militares, mortos em guerra. Cerimônias são realizadas em navios da Marinha a cada 21 de julho. Nesta data, em 1944, uma tormenta atingiu a Corveta “Camaquã”, que naufragou no litoral pernambucano. O incidente deixou 33 mortos.

Contexto histórico

Em 1942, o Brasil rompeu relações diplomáticas com os Países do Eixo — Alemanha, Itália e Japão. A colaboração militar entre o Brasil e os Estados Unidos, que desde meados de 1941 já era notória, intensificou-se com a assinatura de um acordo político-militar naquele ano. As atitudes cada vez mais claras de alinhamento do Brasil com os Aliados — Reino Unido, França, União Soviética e Estados Unidos — levaram o Alto Comando alemão a planejar uma operação contra os principais portos brasileiros, com emprego de submarinos.

O navio de carga “Pelotasloide”, construído na Itália, em 1918, pertencia à companhia de navegação Lloyd Brasileiro. Fretado ao governo norte-americano, rumava para o Porto de Belém (PA), após escala em Port of Spain, capital de Trindad e Tobago, no mar do Caribe. Trazia dos Estados Unidos 3 mil toneladas de carvão mineral, além de 400 toneladas de carga, incluindo material de guerra, que seriam entregues em Cabedelo (PB) e Recife (PE).

Durante a guerra, a Marinha do Brasil assumiu a missão de proteger Navios Mercantes ao longo do Atlântico, formando comboios. Durante o conflito mundial, foram escoltados 3.164 navios, em 575 comboios.

Contudo, ao suspender de Port of Spain, o “Pelotasloide” não pôde incorporar-se a um comboio, porque expelia muita fumaça, além de ser considerado lento (desenvolvia velocidade de seis nós, o equivalente a 11km/h). Munidos da informação de que a costa norte do Brasil estava infestada de submarinos inimigos, autoridades norte-americanas no Caribe e as da Quarta Esquadra Norte-Americana designaram três Caça-Submarinos brasileiros para escoltar o navio mercante até Recife.

O deslocamento em reduzida velocidade obrigaria os escoltas a permanecerem no mar por mais tempo do que suas reservas de água potável permitiriam. No planejamento da viagem, ficou estabelecido que os Caça-Submarinos aportariam em Georgetown, capital da Guiana, para se reabastecerem de água e combustível.

No dia 27 de junho de 1943, o “Pelotasloide” zarpou de Trinidad e Tobago, tendo a bordo o Comandante do Grupo dos Caça-Submarinos, Capitão-Tenente Arthur Oscar Saldanha da Gama, que assumiu as funções de Comodoro.

No decorrer da viagem, o cargueiro desenvolveu oito nós. Com isso, os planos mudaram: os Caça-Submarinos não mais entrariam em Georgetown, e todo o grupo seguiria diretamente para o Farol de Salinas.

No fatídico 4 de julho de 1943, às 11h, com atraso, devido a dificuldades logísticas, embarcou no “Pelotasloide” o prático que assumiria o deslocamento do navio até o Porto de Belém.

Às 12h45, houve a primeira explosão, a boreste (direita) do navio. Em seguida, outro impacto, na popa (parte traseira do navio, onde ficam os hélices propulsores), causou danos severos ao navio, que foi a pique.

Um dos Caça-Submarinos reagiu de imediato, despejando bombas na direção do que acreditava ser o submarino alemão. Contudo, as suspeitas de que a área pudesse estar armadilhada com minas navais obrigaram os Caça-Submarinos a rumarem para Belém.

No dia 9 de julho de 1943, um avião Catalina, do Esquadrão VP-94, da Marinha dos Estados Unidos, avistou o submarino alemão na superfície. O submarino nazista reagiu, causando a morte do comandante da aeronave e forçando o retorno à Base Aérea, em Belém.

Duas horas após o ataque aéreo inicial, outro avião norte-americano avistou o submarino e, apesar da forte reação, despejou seis bombas certeiras no alvo.

No decorrer da guerra, 33 navios mercantes brasileiros foram perdidos por ação de submarinos alemães e italianos, o que resultou nas mortes de 480 tripulantes e 502 passageiros, além do prejuízo de 40 mil toneladas de arqueação (21% da capacidade de carga dos mercantes brasileiros, à época). Considerando o número de escoltas e as perdas em comboios, é possível concluir que 99,01% dos navios protegidos por meios da Marinha do Brasil chegaram aos portos de destino.

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