A histórica ligação das Forças Armadas com o meio ambiente está relacionada ao papel fundamental dessas instituições em proteger o País e minimizar os impactos das tecnologias militares para a sociedade. Na media em que evoluem, as ferramentas empregadas podem se tornar mais prejudiciais e predatórias aos recursos nacionais. O desafio que a Marinha do Brasil, Exército Brasileiro e Força Aérea Brasileira enfrentam, atualmente, é utilizar os meios necessários e suficientes para proteger o território nacional, com os menores danos possíveis.
Neste sentido, a Escola Superior de Defesa e o Centro Soberania e Clima promoveram a 1ª Conferência Internacional sobre Soberania e Clima, em Brasília (DF). O evento, com participação presencial e remota, aconteceu entre ontem e hoje (29). Cerca de 30 especialistas, incluindo acadêmicos, militares, representantes do Estado e do segmento civil da sociedade, reuniram-se para discutir os desafios impostos pelas mudanças climáticas e suas implicações para a segurança, para o desenvolvimento sustentável e para a defesa nacional.

A palestra de abertura foi proferida pelo Ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, que ressaltou o potencial do Brasil e sua relevância no mundo, bem como a liderança regional que tem sido pautada pelas relações internacionais. Neste contexto, ele destacou a reserva hídrica de água doce no País, que concentra cerca de 12% das reservas do planeta e 53% dos recursos hídricos da América do Sul, incluindo rios, bacias hidrográficas e aquíferos fronteiriços e transfronteiriços.
“A importância das reservas de água doce no Brasil, para a nossa soberania, é absolutamente indiscutível. As nossas bacias hidrográficas são extensas e possuem elevado volume de água. Além disso, temos os aquíferos Guarani, ao sul, e o Alter do Chão, ao norte do País. A escassez de água no mundo tem potencial para gerar riscos e conflitos à soberania brasileira. O inestimável manancial hídrico brasileiro pode suscitar discursos e narrativas por diversos organismos internacionais, à semelhança sobre o que já ocorre em relação à nossa Amazônia. Sendo assim, o tema deve ser considerado como absolutamente prioritário”, alertou o Ministro da Defesa.

No dia 28, o evento contou, ainda, com dois painéis, um intitulado “Democracia, Soberania e Clima”, apresentado pela Professora da Universidade Torcuato Di Tella, Rut Diamint; e outro com o tema “Mudanças Climáticas, Segurança e Defesa”, ministrado pelo Secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, Embaixador André Aranha Corrêa do Lago; além de duas rodadas de debates.
Nesta quinta-feira (29), o Comandante Militar da Amazônia, General de Exército Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves e a Secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Ana Toni, palestraram durante o painel “Agenda de Segurança, Defesa e Desenvolvimento Sustentável para a Amazônia”.
Já durante o painel “Desenvolvimento Sustentável, Segurança Humana e Emergência Climática”, a palestrante foi a professora da Universidade de Brasília e Presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, Mercedes Bustamante. “A mudança do clima é um assunto de segurança nacional. Somos um país com enormes vulnerabilidades em várias regiões, por isso, é necessária a articulação entre entes federativos, setor privado e sociedade civil para tratar estratégias de redução de emissões de gases e construção de ações de adaptação. A mudança climática é uma emergência nacional e devemos tratá-la como tal”, destacou.
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