Celebrar as festas de fim de ano, em especial o Natal, é sinônimo de estar com as pessoas que mais amamos. Assistir a filmes natalinos favoritos, reunir-se à mesa com a família, visitar parentes e receber convidados – tudo isso faz parte da tradição de muitos brasileiros. No entanto, para alguns, como os militares da Marinha do Brasil (MB) em missão e seus familiares, a história é um pouco diferente.

É o caso dos militares em operação no Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade (POIT), a cerca de 1.200 quilômetros de Vitória (ES), e na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF). Entre aqueles em missão no continente gelado, está o Primeiro-Sargento Paulo Henrique Miguel Diniz, responsável pela eletricidade da EACF.

“É muito importante continuarmos o trabalho, mesmo no período das festas, para que possamos continuar dando apoio às pesquisas científicas e contribuir para o nosso País e para o entendimento global sobre a biodiversidade e as mudanças climáticas”, avalia.

Apesar de reconhecer o valor do trabalho que realiza, o Sargento admite que não é uma tarefa fácil. “O principal desafio de estarmos em missão em datas comemorativas como o Natal inclui a ausência dos familiares e dos amigos, além de estarmos em um ambiente isolado como a Antártica”, conta o Sargento Diniz.

É uma saudade que também aperta em quem fica do lado de cá, como Giselle Diniz, sua esposa: “Ele faz falta todos os dias, principalmente em datas comemorativas. Tanto eu quanto as meninas vamos sentir bastante. Nós temos uma tradição familiar de, no Natal, cearmos e nos sentarmos à mesa à meia-noite. Vai faltar alguém à mesa”. Será o primeiro Natal do militar longe de suas filhas, Eloah, de 4 anos, e Sarah, de 12.

Mesmo em locais remotos, como a Antártica, é importante manter o espírito natalino. “Faremos uma singela comemoração no Natal. Vamos agradecer a Deus pelas nossas vidas, pelas vidas de nossos familiares e amigos, que estão torcendo por nós. Que possamos ter fé na missão e foco, para concluir com êxito esse apoio à pesquisa científica brasileira”, planeja o Sargento Diniz. É também o desejo de Giselle que seu marido e os demais militares da Estação Antártica tenham, juntos, uma celebração próspera e alegre, apesar de estarem longe de suas casas. “Vamos sentir muitas saudades, muitas mesmo, em especial neste Natal, mas estaremos conectados em espírito. Natal é família, família é amor, e amor não tem distância”, conclui.

Uma data de fé, união e reflexão

No POIT também há militares em situação semelhante, como o Segundo-Sargento (Fuzileiro Naval) Rodrigo Leal Ramos. “É a primeira vez que passo o Natal e o Ano Novo em missão, totalmente longe da família. Em outras ocasiões, fiquei ausente por causa de serviço, mas eram apenas 24 horas, e no outro dia estava em casa e conseguia comemorar com os parentes”, lembra. Aliás, estar em família nessas ocasiões é uma das coisas que o Sargento Leal mais aprecia. “É uma data muito especial para mim, porque foram momentos maravilhosos que vivi com meu herói, amado e saudoso pai Wanderley. Desde então, nessas datas, me apego a Deus e à minha família, que é minha base.”

O sacrifício é necessário porque, assim como na Antártica, a presença na Ilha da Trindade não pode ser suspensa durante as comemorações de fim de ano. O Sargento Leal atua como trilheiro, com a função de conduzir a tripulação e os pesquisadores de forma segura. “Está sendo uma experiência única conhecer esta Ilha, participar das diversas tarefas e, assim, auxiliar as pesquisas”, afirma. Sua esposa, Andreia, reconhece a importância do trabalho do marido. “Entendemos que ele está em uma missão muito importante para o nosso País, cuidando de um lugar muito lindo, e que, para ele, também será um grande aprendizado e uma ótima experiência profissional.”

A saudade, porém, é inevitável. Assim como as filhas do Sargento Diniz, será a primeira vez que o pequeno Rodriguinho, de 6 anos, passará o Natal longe do pai, o Sargento Leal. “Também sentiremos falta da salada de frutas que ele faz e, este ano, eu vou ter que fazer as rabanadas sozinha”, acrescenta a esposa Andreia, com bom humor. Será, portanto, uma comemoração diferente para todos eles.

A Guarda-Marinha (Médica) Gabriela Regal Tonon também integra a equipe de militares que passará o fim de ano na Ilha da Trindade. Como médica, ela conta que já está acostumada a trabalhar em plantões, muitas vezes noturnos, que colocam o horário como um empecilho para que interaja com as pessoas amadas – mas nunca havia ficado cerca de dois meses longe. “Certamente, é algo extremamente diferente e que exige de mim um equilíbrio emocional bem forte.”

O pai da Guarda-Marinha, Antonio Pedro Tonon, demonstra seu orgulho pelo trabalho desempenhado pela filha e manda um recado para ela: “Neste Natal, embora a distância nos separe fisicamente, você está mais presente do que nunca em nossos pensamentos e corações. Sentimos sua falta à mesa, nas risadas e nas tradições que sempre compartilhamos, mas também sentimos um orgulho imenso por sua dedicação e coragem em estar onde é necessário”. Para ele, é uma grande satisfação que a militar, além de honrar sua farda, carregue no coração o compromisso de fazer a diferença na vida das pessoas.

A fim de amenizar as saudades de casa e congregar a equipe, assim como na EACF, os militares celebrarão a data, ainda que de forma simples, no POIT. “Será uma breve reunião para fortalecer os valores da missão e o significado do Natal: empatia, solidariedade, amizade. Essas iniciativas não apenas criam um ambiente de união e conforto entre nós, militares, mas também reforçam a ideia de que, mesmo longe de casa e em um ambiente desafiador, é possível compartilhar os valores de solidariedade, gratidão e espírito de corpo”, conta a Guarda-Marinha.

Por fim, ela deixa uma reflexão para todos: “Se no Natal somos movidos por um espírito de solidariedade, por que não mantemos essa chama acesa em janeiro, fevereiro e nos meses que seguem? A empatia diária nos desafia a sermos mais humanos todos os dias — não apenas nas festas de fim de ano, mas em cada encontro”.

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Comentários

Millena Domingos (não verificado) Seg, 23/12/2024 - 11:43

Esse natal sem dúvidas será marcado pela saudade do meu esposo, 2⁰ Sgt CN-FN Rodrigo, que está no POIT para cumprir sua missão junto à Marinha do Brasil. Desejo à todos que estão longe de suas famílias para o cumprimento dos seus deveres militares junto à instituição um excelente Natal, que Deus derrame bençãos sobre eles e sobre suas famílias.

Josyvam de Andrade (não verificado) Ter, 31/12/2024 - 15:23

Eu quero estudar ese estudo

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