Desde muito jovem, o Almirante Joaquim Marques Lisboa, o Marquês de Tamandaré, participou ativamente da formação do Brasil, destacando-se por seus feitos notáveis. O Patrono da Marinha, também chamado de “Velho Marinheiro”, integra uma importante geração de marinheiros, guerreiros e estadistas a quem devemos nossa maior herança: um grande País, rico em recursos naturais, pátria de uma nação unida por uma cultura e um idioma. As qualidades de Tamandaré, comprovadas por suas ações bem-sucedidas, são exemplos não somente para os marinheiros, mas para os brasileiros de todos os tempos; e relembrá-las é um exercício de patriotismo e inspiração. Por isso, na data de seu nascimento (13 de dezembro), a Força celebra o Dia do Marinheiro.

Com 15 anos de idade, Tamandaré se apresentou como voluntário e iniciou sua carreira na Marinha. Em seguida, participou de combates na costa da Bahia e de uma perseguição da força naval portuguesa até Portugal. Em 1825, o Brasil entrou em guerra com as Províncias Unidas do Rio da Prata, atual Argentina, onde ocorreram diversos combates navais, e o então Tenente Lisboa (Tamandaré) se destacou por sua coragem e liderança em vários deles. 

Em 1864, já no Uruguai, durante o conflito entre os partidos Blanco e Colorado, o Brasil resolveu intervir e enviou um ministro, em missão diplomática, porém com o respaldo de uma força naval comandada por Tamandaré. Não sendo possível a pacificação e o atendimento das satisfações exigidas pelo Brasil, a situação evoluiu para uma intervenção militar brasileira.

Na Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai (1864-1870), o maior conflito militar da América do Sul, coube a Tamandaré o comando das Forças Navais no início dos conflitos. Na Batalha Naval de Riachuelo, em 11 de junho de 1865, o Chefe de Divisão Francisco Manoel Barroso da Silva, que ele designara para comandar as divisões no Rio Paraná, obteve uma vitória decisiva, que garantiu o bloqueio e mudou o curso da guerra. De lá para cá, muita coisa mudou, outras tantas permaneceram, mas o nome de Joaquim Marques Lisboa jamais deixou de ecoar.

Ao entrevistar seus descendentes — trineto, tataranetos e até mesmo uma pentaneta —, é possível perceber como a jornada de Tamandaré, que se confunde com os maiores momentos da história naval do País, ainda ecoa nas novas gerações. Essa continuidade demonstra como a história se mantém viva, moldando não apenas a nação, mas também as trajetórias pessoais de quem carrega seu nome. Confira!

1) AgMN – O que cada um de vocês sabe sobre os feitos e o legado de Tamandaré?

Marcelo: Meu tataravô, o Marquês de Tamandaré, é lembrado como o Patrono da Marinha do Brasil e é um símbolo de coragem, patriotismo e dedicação à nação. Eu li todos os livros publicados sobre ele mais de uma vez, assim como fiz uma profunda pesquisa nos jornais de época por meio da Hemeroteca da Biblioteca Nacional. Ainda li o máximo de artigos sobre ele e sobre sua época. Concluí que seu legado é de um ser humano humilde e simples, mas que realizou atos grandiosos. Ele foi amigo fraterno de quem merecia, líder nas horas difíceis sem se abalar, e foi um profissional dedicado em cada missão que recebia.

Flávio: Meu tataravô deixou um legado de grandes feitos, porém o que considero mais importante são seus valores. Ética, comprometimento, fidelidade aos seus líderes e ao povo brasileiro, além de amor à Marinha, honestidade, coragem.

Henrique: Sei muito da relação dele com a época do final do Império, proteção a Dom Pedro e sobre a participação dele na Guerra do Paraguai, entre outras batalhas.

Bruna: Quando criança, eu não entendia muito bem o peso do nome do meu pentavô, mas ao crescer, vi e aprendi por intermédio do meu pai sobre a importância do meu antepassado para a história do Brasil e para a Marinha, e também sobre seus atos heroicos e participação exitosa em guerras.

2) AgMN – O que foi passado de geração em geração na família sobre a Marinha e a história do “Velho Marinheiro”?

Marcelo: Na nossa família, os valores de honra, disciplina e compromisso com o Brasil sempre foram reforçados. O cultivo da história do nosso avô pela Marinha é emocionante. Mantemos vivo nosso respeito à história naval do Brasil e ao entendimento da importância da Marinha para o desenvolvimento e a proteção do nosso território. Atualmente, sou um dos descendentes dedicados a isto.

Flávio: A Marinha sempre esteve presente na história da nossa família. Nossos pais, avós, todos sempre procuraram elevar os feitos do Almirante e a importância desta personalidade na nossa família, e a responsabilidade de levar em frente seu legado.

Henrique: Eu vejo a Marinha como uma entidade extremamente importante por conta da extensão do nosso litoral, das riquezas que ali se encontram, tanto as nativas quanto as futuras prospecções de riquezas.

Bruna: Minha avó, Mariza Marques Lisboa, foi a primeira pessoa de minha família que me mostrou um pouco da beleza da Marinha do Brasil. Ela ficava emocionada ao ver os barcos no Dia do Marinheiro, assim como casamentos e cerimônias com participação da Força. Acho que essa beleza sempre ficou registrada na minha memória, e sempre me lembra minha avó, que infelizmente faleceu em 2019, e me faz muita falta.

3) AgMN – Como é a relação da família com a Marinha do Brasil?

Marcelo: Minha relação com a Marinha do Brasil é de admiração e respeito. Diria que vai além: é uma relação de gratidão. Quando minha mãe, Mariza Marques Lisboa de Almeida Magalhães, faleceu, a Marinha nos acalentou e nos apoiou em um momento tão difícil. Embora não tenha seguido a carreira naval, sempre acompanhei de perto o trabalho da Marinha e entendo o papel vital que a Força desempenha na segurança e no desenvolvimento do País. Certamente, é uma instituição que honra o legado de Tamandaré e de outros heróis navais, e que exerce com dedicação o papel de defesa das nossas fronteiras marítimas.

Flávio: Além de participar dos eventos da Marinha do Brasil, tenho uma relação direta com o mar. Perante a Marinha, sou um dos representantes da família do seu Patrono, para que seu legado seja sempre lembrado.

Henrique: O meu relacionamento com a Marinha é o parentesco que tenho com o seu Patrono. Também sou uma pessoa que possui bastante afinidade com o mar.

Bruna: Há muitos anos minha família mantém relações próximas com a Marinha. Já fomos convidados para uma série de eventos e sempre fomos bem recebidos.

Marcelo Almeida Magalhães tem 60 anos e é tataraneto de Tamandaré. Professor de cursos de pós-graduação e doutor em engenharia civil, é especializado em estratégia empresarial, processos de negócios, tecnologia e transformação digital. 

Bruna Magalhães é filha de Marcelo, tem 23 anos e é pentaneta do Velho Marinheiro. É recém-formada em enfermagem e mora no Rio de Janeiro (RJ).

Flávio Marques Lisboa tem 64 anos e também é tataraneto de Tamandaré. É formado em Relações Internacionais e atua como diretor da empresa Nucleosul, voltada para operações com fundos de investimentos. 

Henrique Marques Lisboa tem 70 anos e é trineto do Marquês de Tamandaré. Economista de profissão, trabalha no setor de hotelaria em Piraí (RJ).

. . .

Comentários

Renato Santos (não verificado) Sáb, 08/03/2025 - 05:37

Os seus restos mortais, hoje, estão depositados na praça Tamandaré de sua cidade natal, Rio Grande, em um lindo monumento em sua homenagem, de uns 20 metros de altura, onde apresenta dois leões lutando, e a sua imagem, no topo. Tudo em bronze.

Renato Santos (não verificado) Sáb, 08/03/2025 - 05:44

Me equivoquei! O monumento que citei, retém os restos de Bento Gonçalves. Os restos de Tamandaré ficam no Quinto Panteão, na cidade de Rio Grande, mesmo.

Comentar

O conteúdo deste campo é privado e não será exibido ao público.

Texto puro

  • Nenhuma tag HTML permitida.
  • Quebras de linhas e parágrafos são feitos automaticamente.
  • Endereços de página da web e endereços de e-mail se tornam links automaticamente.