A Conselheira Militar para Operações de Paz da Organização das Nações Unidas (ONU), General de Divisão Cheryl Pearce, da Austrália, esteve no Brasil ao longo da semana e cumpriu uma intensa programação. A convite do Centro de Operações de Paz e Humanitárias de Caráter Naval (COpPazNav), a principal autoridade militar da ONU proferiu palestra para as 86 mulheres alunas da 14ª edição do Curso de Operações de Paz para Mulheres, oriundas de 23 países, de todos os continentes.

Na ocasião, foi recebida pelo Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais (CGCFN), Almirante de Esquadra Carlos Chagas Vianna Braga, com quem discutiu os principais desafios das operações de paz contemporâneas, e teve a oportunidade de acompanhar atividades de treinamento da Força Naval, que é referência no preparo para operações de paz, possuindo, desde 2022, a primeira Força de Reação Rápida (QRF) do País classificada, pela ONU, no mais alto nível de prontidão operacional (nível 3).

Em sua apresentação para o curso, a primeira mulher Conselheira Militar da ONU destacou: "Tenho muito orgulho de ser uma mulher e de contribuir para a manutenção da paz. Mas penso em mim como uma Oficial militar, como parte de uma equipe e como alguém que pode colaborar com as operações de manutenção da paz, a fim de garantir que possamos criar um ambiente propício a uma solução pacífica e política."

A General Pearce esteve no CGCFN, na histórica Fortaleza de São José, onde foi recebida pelo Comandante-Geral do Corpo de Fuzilerios Navais. Em produtiva reunião, as duas autoridades debateram sobre o futuro das operações de paz e seus impactos no preparo das forças.

No Comando da Divisão Anfíbia, ela assistiu a uma apresentação sobre as principais capacidades do CFN e a participação histórica do Brasil em missões de paz da ONU. Nesse contexto, foram destacadas as contribuições da Marinha do Brasil (MB) em diversas operações de paz ao redor do mundo, incluindo missões em Angola, Moçambique, Timor Leste, Haiti, Líbano, Congo e Sudão do Sul. Essa trajetória evidencia a expertise do País em operações expedicionárias, reforçando a credibilidade internacional da MB e do CFN no campo da segurança e cooperação global.

Ao visitar o Complexo Naval da Ilha do Governador (CNIG), no Rio de Janeiro, a General da ONU se deslocou a bordo da viatura JLTV (Joint Light Tactical Vehicle), acompanhou atividades operativas do CFN na Pista de Conduta em Área Urbana (PCAU) e testou a pontaria no estande de tiro da Base de Fuzileiros Navais da Ilha do Governador (BFNIG), comprovando o elevado preparo dos Fuzileiros Navais para atuar em missões complexas no contexto internacional.

A presença da Oficial-General, que comandou a Força de Paz da Nações Unidas no Chipre, fortalece o debate sobre a importância da participação feminina em operações de paz e a importância de se enfrentar desafios ao longo da carreira.
"Os desafios ocorreram em todos os níveis. Podem ser organizacionais, decorrentes das barreiras que nos impediram de alcançar nosso potencial, por meio de nomeações e capacitação e, realmente, dos comportamentos individuais. Mas, igualmente, surgem oportunidades na manutenção da paz, que, por vezes, exigem alguém como eu para atuar em determinada região", afirmou a australiana.

Um dos principais assuntos abordados pela General Pearce em sua palestra no COpPazNav foi a Resolução 1325 do Conselho de Segurança da ONU, que completa 25 anos em 2025. Essa resolução reconhece o papel fundamental das mulheres na prevenção e na resolução de conflitos, bem como na construção da paz e na segurança internacional. Ao longo de duas décadas e meia, a Resolução 1325 proporcionou avanços significativos, como o aumento do número de mulheres em cargos de liderança em operações da ONU e o incentivo à criação de políticas que considerem as necessidades específicas de mulheres e meninas em áreas de conflito.

"Precisamos do consentimento das nações anfitriãs. Precisamos de imparcialidade e precisamos de ser capazes de conduzir as nossas operações sem medo de quaisquer preocupações com a nossa segurança. E isso permite-nos então interagir com as comunidades que estamos lá para servir", destacou.

Em entrevista à imprensa, a General australiana lembrou como as mulheres estão ganhando espaço em missões de paz da ONU.

"Temos que garantir que criamos o ambiente no qual podemos apoiar a proteção de civis no cumprimento do nosso mandato. Mas isso também não se aplica apenas a uniformizados. Requer que os nossos civis, a nossa polícia, também se envolvam nas comunidades. Mas, igualmente a nível político, em todos os níveis do governo local, regional e nacional, está o nosso envolvimento em ajudar a participação feminina nesse espaço. Por isso, alguns são difíceis porque, para termos sucesso, precisamos de estar no caminho para alcançar um resultado político", garantiu.