Especialistas e personalidades de diversas áreas ligadas à Economia Azul debateram sobre a cultura e a sustentabilidade do oceano durante a 4ª edição do “SP Ocean Week 2023”, a Semana do Mar de São Paulo, que aconteceu no Memorial da América Latina, de 30 de agosto a 3 de setembro. Cerca de 60 palestrantes e 20 organizações não governamentais de conservação marinha e institutos de pesquisa abordaram iniciativas e estratégias para um mar limpo, saudável, produtivo e sustentável. “Fazendas Marinhas: uma alternativa azul”, “Segurança alimentar: pesca e aquicultura” e “Cultura oceânica nas escolas” foram algumas das temáticas abordadas no evento. 

A Marinha do Brasil (MB) participou do painel “Estratégias para consolidação da Economia Azul no Brasil”, com o Capitão de Mar e Guerra Rodrigo de Campos Carvalho, da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar; ao lado do Mestre em Administração Pública, representante do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luiz Pazos; e da Doutora em Biomedicina pela Imperial College London, no Reino Unido, Helena Vieira.

“O espaço oceânico não permite um desenvolvimento sem uma discussão. Quando falamos de empreendimentos eólicos offshore, navegação, biotecnologia marinha, legislação marítima, estamos falando de Economia Azul. Tudo está interligado. Todas as atividades devem se comunicar de maneira harmônica e dialogada”, afirmou Luiz Pazos. O especialista destacou, ainda, a importância do acordo de cooperação do BNDES com a MB para implementar o Planejamento Espacial Marinho, que será iniciado com um projeto-piloto na região marítima do sul do País. 

No debate, o Capitão de Mar e Guerra Rodrigo Carvalho reforçou a necessidade de os brasileiros conhecerem e valorizarem o mar, relembrando a época da escola e propondo uma reflexão. “Eu estudei o ‘Brasil Terra’, que termina na areia da praia. Como a gente vai implantar políticas marítimas, desenvolvimento sustentável e Economia Azul no País, se a gente continua representando o Brasil com um mapa só verde? O ‘Brasil Terra’ e o ‘Brasil Mar’ equivalem ao tamanho do continente antártico. Na Amazônia Azul, cabem, com folga, pelo menos, 34 países europeus.” 

A painelista Helena Vieira, que já foi Diretora-Geral de Política do Mar de Portugal, reforçou que a União Europeia escolheu cinco missões como fundamentais para o sucesso e o futuro da humanidade, dentre as quais, está a restauração do oceano. O compromisso firmado entre os países europeus envolve iniciativas públicas e privadas, coordenadas para garantir a sustentabilidade do oceano, inclusive em negócios do mar. Ela frisou que 95% do mar ainda é desconhecido e, por isso, é essencial estimular uma cultura que se preocupe com os oceanos. “As futuras gerações precisam olhar para o seu território, incluindo a sua extensão para o mar”, disse Helena Vieira.

Além de debates, a programação do SP Ocean Week 2023 teve painéis, mostras de cinema, exposições e workshops. Para quem não conseguiu acompanhar ao vivo a programação da “SP Ocean Week 2023”, pode assistir às discussões clicando aqui.

Atlas do IBGE e livros didáticos incluirão mapa da Amazônia Azul
Recentemente, os esforços em prol do reconhecimento da importância do mar para o Brasil ganharam um impulso significativo. Após reuniões da MB, por meio da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, com representantes do Ministério da Educação e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o conceito de Amazônia Azul foi incluído em diversos documentos oficiais do IBGE, como "Espécies Ameaçadas de Extinção", "Atlas do Espaço Rural Brasileiro" e "Atlas Geográfico Escolar". A iniciativa tem como propósito ampliar a mentalidade marítima na sociedade brasileira e fortalecer o interesse pelo mar. 

O conceito foi inserido, ainda, no Programa Nacional do Livro e do Material Didático 2023, para o Ensino Médio, destinado aos alunos e aos professores de escolas públicas de educação básica do País, tornando-os multiplicadores da cultura oceânica.

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