Ao longo de sua história, o Brasil se envolveu em alguns conflitos internacionais. E quando chamados para defendê-lo, seus filhos não fugiram à luta. O Primeiro-Tenente José Osório de Oliveira Filho é um dos 7 mil militares da Marinha do Brasil que protegiam o litoral brasileiro, em 1942, quando o governo declarou guerra aos países do Eixo – Alemanha, Itália e Japão. Hoje, aos 101 anos, o ex-combatente é a memória viva do País e da Força Naval brasileira.
O jovem Marinheiro à época embarcou no Encouraçado “São Paulo”, um ano após formar-se na Escola de Aprendizes-Marinheiros Almirante Batista das Neves, onde hoje funciona o Colégio Naval, em Angra dos Reis (RJ). Ele era parte da Divisão de Artilharia Antiaérea, alimentando os canhões do navio a vapor, durante os anos de batalha. Pela bravura, foi homenageado com a Medalha de Serviços de Guerra com duas estrelas e, anos depois, promovido ao Oficialato.

Alguns amigos tombaram no cumprimento do dever. “Perdi dois amigos Marinheiros que estavam a bordo do Cruzador ‘Bahia’, que afundou a 800 quilômetros da costa do Rio Grande Norte, em 4 de julho de 1945, matando mais de 300 tripulantes”, lembra o militar, que sobreviveu a esta e muitas outras situações de perigo que se seguiram. Ele conta que estava no Navio-Escola “Almirante Saldanha”, em viagem de instrução de Guardas-Marinha na década de 1950, quando este atravessou uma tormenta no mar entre Suécia e Noruega, que quase afundou a embarcação.
“Perdemos contato, ficamos à deriva, o mar enfureceu. Começaram a quebrar os mastros. Ficamos perdidos um dia ou dois. Tivemos sorte, porque podia ter afundado”, recorda o veterano, que por ser radiotelegrafista, trabalhava na comunicação do navio. Essa especialização, que conquistou ainda Marinheiro, era muito necessária na época, não apenas em atividades no mar, mas também em outras áreas. “Além de me tornar necessário em qualquer tipo de navio naquele período, ainda ampliava o meu acesso ao mercado profissional fora da Marinha”, afirma.

Mas foi trabalhando na Base Almirante Castro e Silva, do Comando da Força de Submarinos, na Ilha de Mocanguê (RJ), que o militar encontrou sua verdadeira vocação: a de submarinista. Apesar de operador da Estação Rádio da Base, ele integrava a tripulação dos submarinos quando necessário, em missões no Brasil e no exterior. Esteve presente na Comissão brasileira que recebeu, nos Estados Unidos, os submarinos rebatizados de “Humaitá” (S14) e “Riachuelo” (S15).
“Deve existir algo estranhamente sagrado no sal: está em nossas lágrimas e no mar”. A frase atribuída ao escritor Khalil Gibran é citada pelo Primeiro-Tenente José Osório ao falar sobre os anos de serviço à Pátria. “Ser um ‘homem do mar’ trouxe para mim experiências as quais jamais esperei viver. Agradeço a Marinha do Brasil o tempo de 25 anos os quais ali permaneci cumprindo o meu dever como cidadão e como soldado. Usque Ad Sub Aquam Nauta Sum”, conclui citando com o lema da Força de Submarinos que significa “Marinheiro até debaixo d’água”.

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