Os recentes eventos no cenário internacional evidenciam que uma nação de porte continental deve dispor de Forças Armadas modernas, bem dimensionadas e preparadas. Dessa forma, a Intendência da Marinha, que nesta segunda-feira (3) completa 255 anos de existência, deve estar pronta e capacitada para atender, tempestivamente, novas e inopinadas demandas de nossa Força Naval.

A Intendência da MB tem o objetivo permanente de elevar a eficiência e a efetividade do apoio logístico, financeiro e administrativo à Marinha, em especial a seus meios operativos. Seus oficiais, praças e servidores civis, que labutam nas atividades típicas de intendência, exercem funções essenciais a bordo dos navios da Esquadra, Distritais e da Diretoria de Hidrografia e Navegação, além de organizações militares do Corpo de Fuzileiros Navais, Bases e Hospitais Navais, entre outras.

No Navio de Desembarque de Carros de Combate (NDCC) "Almirante Saboia", essas funções são coordenadas pelo Capitão de Corveta (Intendente da Marinha) Philippe Tavares Alves de Siqueira, Chefe do Departamento de Intendência do Navio. Com uma carreira de 22 anos na Força, o Intendente passou por diversas organizações militares, acumulando vasta experiência. 

Durante a pandemia de Covid-19, em 2021, o Capitão de Corveta (Intendente da Marinha) Alves Siqueira integrou a Operação “Grande Muralha”, quando foi realizado um esforço logístico para garantir o fornecimento de equipamentos de proteção individual, materiais de saúde e outros suprimentos. Mais recentemente, em 2024, atuou na Operação “Taquari II”, levando donativos e suprimentos para regiões afetadas por enchentes no sul do Brasil. 

Em entrevista à Agência Marinha de Notícias (AgMN), o Oficial revelou que sua escolha pela carreira na Intendência foi motivada pelo desejo de atuar em uma área multifacetada, que combina conhecimentos administrativos e operacionais. A seguir, confira a entrevista completa, na qual o militar compartilha detalhes sobre sua rotina a bordo de um navio de guerra da MB.

AgMN – O que o motivou a seguir a carreira na Marinha?

Capitão de Corveta (Intendente da Marinha) Alves Siqueira – Venho de uma família militar e, em dezembro de 1999, acompanhei meu pai em uma cerimônia de encerramento do ano letivo do Colégio Naval, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Nesse momento, decidi que estudaria para fazer parte daquele seleto grupo. 

AgMN – Como foi o processo de formação para se tornar um Intendente da Marinha?

Capitão de Corveta (Intendente da Marinha) Alves Siqueira – Durante os dois primeiros anos na Escola Naval, somos apresentados às peculiaridades das carreiras dos três Corpos: Armada, Fuzileiros Navais e Intendência. A decisão ocorre no início do terceiro ano, durante a comissão “ASPIRANTEX”. Nesse momento, procuramos ponderar todas as informações de que dispomos com o objetivo de fazer a escolha mais acertada. A partir daí, inicia-se a formação específica do Oficial Intendente, que abrange dois anos durante o ciclo escolar (3º e 4º anos da Escola Naval), seguidos pelas duas fases do ciclo pós-escolar, concluídas durante a Viagem de Instrução de Guardas-Marinha. 

Atualmente, ao retornar da viagem, o Oficial realiza o Curso de Aperfeiçoamento de Intendência para Oficiais no Centro de Instrução e Adestramento Almirante Newton Braga (CIANB), com o objetivo de capacitá-lo para o exercício das funções próprias de Oficial Subalterno. No entanto, a fase de formação não se encerra aí. No terceiro ano, como Primeiro-Tenente, o Oficial participa do Curso de Aperfeiçoamento Avançado de Intendência para Oficiais, destinado ao aprimoramento dos conhecimentos específicos nas áreas de Logística de Material, Gestão da Informação, Administração e Auditoria, além de Orçamento e Finanças. 

AgMN – Quais são as principais responsabilidades de um Chefe de Departamento de Intendência em um navio?

Capitão de Corveta (Intendente da Marinha) Alves Siqueira – O Departamento de Intendência está intrinsecamente ligado ao provimento de capacidades logísticas necessárias para a realização das comissões operativas para as quais o Navio é designado, bem como ao bem-estar físico e psicológico dos militares a bordo. As nossas áreas de responsabilidade são: alimentação, habitabilidade, pagamento de pessoal, bem como obtenção, controle de estoques, controle de materiais, entre outros. 

AgMN – Como é a rotina de trabalho a bordo, conciliando as demandas administrativas e operacionais?

Capitão de Corveta (Intendente da Marinha ) Alves Siqueira – Geralmente, a bordo, a rotina de trabalho é dividida em dois momentos: um durante as operações no mar e outro quando estamos atracados. Durante a operação no mar, devemos priorizar a manutenção dos aspectos psicológico e moral da tripulação, garantindo que qualquer necessidade seja prontamente atendida. Mesmo durante a realização de exercícios prolongados, é necessário dar atenção às questões administrativas para assegurar a fluidez das atividades. Já quando atracados, a rotina administrativa prevalece, sem que os adestramentos inerentes à vida de bordo sejam negligenciados. 

AgMN – Quais desafios um Intendente enfrenta ao lidar com a logística e o suprimento em alto-mar? 

Capitão de Corveta (Intendente da Marinha) Alves Siqueira – A fase de planejamento é essencial para garantir o sucesso da missão, pois conhecer as capacidades e limitações do navio influencia diretamente a execução das operações a bordo. Para evitar surpresas, o planejamento do abastecimento deve ser feito com antecedência, de forma que os portos visitados sirvam como pontos estratégicos de apoio logístico, assegurando a continuidade da missão sem interrupções. 

AgMN – Quais são as habilidades mais importantes para um Intendente que trabalha embarcado?

Capitão de Corveta (Intendente da Marinha) Alves Siqueira – Sob o meu ponto de vista, o Intendente embarcado deve buscar o aprimoramento contínuo das seguintes habilidades: capacidade de tomada de decisão em situações imprevistas, técnicas de negociação, resiliência para enfrentar desafios, networking, trabalho em equipe, especialmente com outros departamentos do navio, e liderança. Além disso, o aprendizado adquirido na vida operativa é de grande valia para o desenvolvimento e aperfeiçoamento contínuo dessas competências, preparando-nos para os desafios da carreira. 

AgMN – Que conselho daria para jovens militares que desejam seguir essa carreira?  

Capitão de Corveta (Intendente da Marinha) Alves Siqueira – A carreira do Intendente é muito dinâmica e oferece uma variedade de desafios e oportunidades. Você terá a chance de servir em diversos locais e em diferentes tipos de missões, seja a bordo de navios, em quarteis de Fuzileiros Navais ou em outras Organizações Militares de terra. Além disso, a carreira abrange várias áreas de conhecimento, como logística, administração, orçamento, finanças e auditoria, proporcionando um desenvolvimento contínuo e multidisciplinar, com oportunidades de capacitação em instituições de ensino renomadas, tanto no Brasil quanto no exterior. O conselho que daria para os jovens militares que desejam seguir essa carreira é que aproveitem ao máximo as oportunidades de aprendizado, já que a profissão exige flexibilidade, resiliência e espírito de equipe. Não tenham receio de se dedicar a aprimorar suas habilidades e capacitação, pois isso abrirá portas para um futuro promissor dentro da Força.

Como ser um Intendente na Marinha?

Para ingressar no Corpo de Intendentes da Marinha, as oportunidades são através do Concurso Público de Admissão à Escola Naval (CPAEN) e o Concurso Público para Ingresso no Quadro Complementar de Oficiais Intendentes (QC-IM).

Escola Naval: ambos os sexos; de 18 e menos de 23 anos; ter o ensino médio completo, solteiro(a).

QC-IM: ambos os sexos; de 18 e menos de 29 anos; ensino superior na área de administração, economia ou ciências contábeis.

Acesse o portal da Agência Marinha de Notícias, o site de concursos da MB ou siga o perfil da Força nas mídias sociais para não perder nenhuma oportunidade. Vem pra Marinha!

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