Pela primeira vez, homens e mulheres do Curso de Soldados Fuzileiros Navais realizaram a corrida de 10 km, nos arredores do Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves (CIAMPA), no Rio de Janeiro (RJ). A primeira turma com militares do sexo feminino superou mais um obstáculo dentro dos quatro meses de treinamentos até a formatura no dia 5 de julho. 

Segundo o Comandante do Corpo de Alunos do CIAMPA, Capitão de Corveta (Fuzileiro Naval) Paulo Victor Souza da Silva, as mulheres têm surpreendido positivamente. “O mais importante é que essas alunas estão nos surpreendendo, indo além dos limites esperados. Estão realmente com muita vontade de participar da primeira turma, estão se dedicando, estão se destacando, e, com todo o trabalho que temos feito aqui, com certeza irão superar as expectativas do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) e das Forças Armadas como um todo”, ressaltou.

A corrida contou com a participação do Comandante-Geral do CFN, Almirante de Esquadra Carlos Chagas Vianna Braga, do Comandante do Pessoal de Fuzileiros Navais, Vice-Almirante Pedro Gueiros Taulois e do Comandante do CIAMPA, Capitão de Mar e Guerra Vanderli Nogueira Cordeiro Junior.

Para a futura Fuzileiro Naval Noemi da Silva Lima, a corrida representou um momento único na sua formação. "É um experiência que nunca imaginei viver. Isso acaba trazendo muitas oportunidades, não só para nós, mas para todas as outras mulheres que sonham servir na Marinha. Foi uma grande honra participar dessa corrida, pois não é toda vez que temos a oportunidade de correr com os Almirantes”, afirmou.

Preparação

Para garantir uma recepção adequada e inclusiva às mulheres, o CIAMPA passou por diversas mudanças nos meses que antecederam o ingresso das alunas. Entre elas, a criação de um alojamento feminino com sistema de reconhecimento facial para a entrada e câmeras de segurança em seu entorno; a adaptação da enfermaria; a reformulação de normas internas de comportamento social; e a atualização do material de combate, para que seja mais anatômico às mulheres.

Além disso, foram realizadas visitas e consultas a diversas instituições militares, nacionais e internacionais, que já passaram pelo processo de integração da mulher em suas fileiras. A Capitão-Tenente (Auxiliar Fuzileiro Naval) Gizelle Rebouças, que integrou a primeira turma com a presença de Oficiais femininas no Curso de Formação de Oficiais Auxiliares do CFN, faz parte da equipe do CIAMPA e também ajudou na preparação da Organização Militar para receber as alunas.

Saiba mais sobre o curso

O Curso de Formação de Soldados Fuzileiros Navais (C-FSD-FN) capacita os Aprendizes para desempenharem as responsabilidades inerentes à posição de Soldado Fuzileiro Naval nas unidades do Corpo de Fuzileiros Navais. O curso tem duração total de 19 semanas, das quais 10 são realizadas em regime de internato.

Durante esse período, os Aprendizes participam de três exercícios de campo, sendo os dois primeiros no Complexo Naval do Guandu do Sapê (CNGS), em Campo Grande, no Rio de Janeiro, onde colocam em prática os conhecimentos adquiridos nas sete disciplinas ministradas ao longo de 112 dias letivos. O terceiro exercício de campo ocorre na Ilha da Marambaia, também no Rio de Janeiro, sendo considerado um marco na transformação completa de um combatente anfíbio do cidadão que ingressou no curso. As atividades principais do curso incluem instrução militar naval, armamento e tiro, ordem unida, treinamento físico militar, instrução básica de combate, operações de Fuzileiros Navais e ética profissional militar. 

Histórico de pioneirismo

A trajetória de pioneirismo das mulheres na Marinha foi um processo gradual, iniciado em 1980, com a criação do Corpo Auxiliar Feminino da Reserva da Marinha. Na década de 1990, houve uma reestruturação de Corpos e Quadros, que ampliou a participação delas em cargos de Direção, Comando e Comissões.

Em 2012, a Contra-Almirante (Médica) Dalva Maria Carvalho Mendes foi a primeira militar brasileira promovida ao posto de Oficial-General das Forças Armadas, sendo seguida, em 2018, pela Contra-Almirante (Engenheira Naval) Luciana Mascarenhas da Costa Marroni e pela Contra-Almirante (Médica) Maria Cecília Barbosa da Silva Conceição, promovida em março de 2023.

Em 2014, 12 jovens integraram a primeira turma de Aspirantes femininas na Escola Naval, a mais antiga instituição de ensino superior do País. Já em 2017, uma lei concedeu a oportunidade de as mulheres ingressarem em todos os Corpos na Escola Naval (Corpo da Armada, Corpo de Fuzileiros Navais, além do Corpo de Intendentes da Marinha, opção que já estava disponível anteriormente). E, em 2023, ingressaram as primeiras mulheres na Escola de Aprendizes-Marinheiros de Santa Catarina e no Colégio Naval.

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Comentários

Andreza Josefa… (não verificado) Qui, 06/06/2024 - 20:41

A melhor coisa que já existiu foi as mulheres poderem ser quem elas são. Mostrando o seu potencial é mostrando que lugar de mulher é onde ela quiser...

EDVALDA BEZERR… (não verificado) Sex, 07/06/2024 - 07:46

Como eu faço para matricular meu filho ele fez 18 anos o sonho dele fuzileiro naval

Adriano (não verificado) Sex, 07/06/2024 - 08:47

Bom dia Edvalda,
O ingresso no CFN(Corpo de Fuzileiros Navais) se dá por meio de concurso público promovido pela Marinha do Brasil.
Normalmente são realizados dois cursos por ano e ele deverá participar do concurso para esse ingresso.
Informações acerca do concurso, vc consegue fazendo uma busca simples no Google, que irá te direcionar para algumas páginas explicativas. Pode colocar na busca:
"Concurso para soldados fuzileiros navais". Da certo. Boa sorte!!!

Jefferson (não verificado) Dom, 09/06/2024 - 09:14

Olá, para ser Fuzileiro Naval o seu filho deve realizar prova (concurso realizado anualmente )

Angeline (não verificado) Sex, 07/06/2024 - 12:00

estou muito orgulhosa pois no meio dessas guerreiras esta tbm minha filha Ana Karoline sou muito grata a Deus e feliz pela conquista da minha filha parabéns pra todas

CB-FN-CN (Rnm)… (não verificado) Sáb, 08/06/2024 - 04:31

Tudo parece muito lindo para essas mulheres! Porém, o que não é informado a elas é que o fato de ter entrado através de concurso público, não garante estabilidade na carreira. Muita delas, serão dispensadas antes dos 3 anos de serviço e a maioria não alcançará os 10 anos para permanecer em definitivo na carreira.

Leonardo (não verificado) Qua, 26/06/2024 - 16:05

A estabilidade é somente com 10 anos de carreira.
A maior parte das regras do servidor público civil não se encaixa no servidor público militar.

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