No contexto da Operação “Taquari 2”, o auxílio à população gaúcha afetada pelas chuvas vem das mais diversas frentes: da água, da terra e do ar. Para além do apoio logístico relacionado à entrega e distribuição de itens de primeira necessidade, prestado pela Marinha do Brasil (MB), as ações de Busca e Salvamento (SAR, do inglês Search and Rescue) são fundamentais e exigem o emprego assertivo dos militares. É o caso, por exemplo, da atuação do 1° Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral do Sul (EsqdHU-51).
Entre os militares do EsqdHU-51, que arriscam suas vidas para salvar a de outros, está o Suboficial Enfermeiro Lauro Cassol Jaques, natural de Porto Alegre (RS), com 29 anos de serviço na MB. O Suboficial recorda que, já no dia 1° de maio, o Esquadrão foi acionado, e os trabalhos começaram assim que foi possível chegar à cidade de Canoas. “Logo que chegamos a Canoas, abastecemos a aeronave e já fomos para as áreas de resgate. No Parque Eldorado, um distrito da cidade de Eldorado do Sul, nós realizamos o primeiro resgate, de um senhor que estava com a sua residência totalmente debaixo d'água”, relata, sobre sua atuação como Tripulante de Resgate.
Mesmo sob condições adversas, a determinação e a coragem prevaleceram: nesse primeiro resgate, o Suboficial Jaques precisou descer pelo guincho da aeronave diretamente na água, para prestar auxílio ao senhor e seus dois animais de estimação. A atuação, porém, estava apenas no início. Nesse mesmo dia, a equipe empreendeu mais resgates em Eldorado e, na manhã seguinte, já decolou novamente em direção ao bairro de Niterói, em Canoas, onde havia muitas casas submersas e pessoas à espera de salvamento.
“Para que outros possam viver”
Honrando o lema internacional das ações de Busca e Salvamento, “Para que outros possam viver”, o Suboficial Jaques e todos aqueles que vêm atuando junto à população gaúcha continuam a trabalhar incessantemente. O militar recorda-se de um resgate em particular que tocou profundamente os corações de todos os envolvidos: foi o caso de uma menina assustada, separada de sua mãe em meio ao caos das enchentes. Com gentileza e empatia, ele acalmou a criança, secou suas lágrimas e a reconfortou até que pudessem entregá-la em segurança às autoridades competentes. "São situações como essa que nos lembram por que escolhemos essa profissão", diz o Suboficial Jaques, com voz embargada. "É gratificante poder trazer um pouco de conforto e esperança em meio à devastação."
Além de seu compromisso profissional, ele compartilha um laço pessoal com as comunidades afetadas: "Eu tenho familiares em São Leopoldo, que moram no bairro Campina, o mais afetado da cidade", revela. Isto, porém, não o fez recuar: "Mesmo com essa situação, tendo a tranquilidade de que os familiares estavam em segurança, continuamos aqui mantendo o nosso trabalho, nos dedicando àquilo que nos propusemos a fazer", acrescenta.
Assim, cada resgate é mais do que uma operação: é um ato de solidariedade e compaixão. "Como gaúcho e militar, estamos entregando o nosso melhor desde os primeiros momentos, para que outros possam viver", ele afirma, orgulhoso de servir à sua terra e ao seu País em tempos de necessidade.
Marinha segue no apoio às cidades do RS
Atuantes na calamidade desde o dia 30 de abril, militares da Marinha continuam a reforçar as ações junto às cidades gaúchas atingidas pelas chuvas. Até o momento, 1.730 pessoas já foram resgatadas pelos militares da MB e a Força Naval mobilizou 11 aeronaves, 9 navios, cerca de 50 embarcações e aproximadamente 70 viaturas para prestar auxílio.
Além disso, desde a última quinta-feira (9), a Unidade Médica Expedicionária da Marinha (UMEM) vem empreendendo ações de assistência à saúde no Hospital de Campanha (HCamp), em Guaíba (RS), o que contribui para aliviar o fluxo nos hospitais da região.
Assista ao vídeo:
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