Recordações e registros de quase 10 anos de atuação da Marinha do Brasil (MB) na Força-Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FTM-UNIFIL) fazem parte do acervo que compõe a exposição permanente inaugurada, nesta quarta-feira (6), no Comando da Força de Superfície, em Niterói (RJ).

O Espaço Memória Força-Tarefa Marítima UNIFIL reúne informações históricas, fotografias e objetos do acervo pessoal de ex-comandantes da FTM, tais como panóplias, moedas institucionais, boina azul utilizada pelos militares que participam de missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) e outros itens que resgatam algumas das diversas lembranças. “Este espaço foi carinhosamente idealizado para homenagear todos os militares que representaram a Marinha na Força-Tarefa Marítima UNIFIL, protagonizando esse importante capítulo de nossa história durante quase uma década”, explicou o Comandante da Força de Superfície, Contra-Almirante Rudicley Cantarin.


Durante a inauguração da exposição, com a presença do Comandante de Operações Navais, Almirante de Esquadra Wladmilson Borges de Aguiar, o Diretor-Geral do Pessoal da Marinha, Almirante de Esquadra Claudio Henrique Mello de Almeida, falou sobre a relevância histórica e operativa da contribuição do Brasil na FTM. “Foi o País que por mais tempo exerceu esse comando, exerceu com proficiência, exerceu com sacrifício logístico muito grande, de preparação. Deixamos ali o nome da Marinha do Brasil e o nome do nosso País”, ressaltou o Almirante Mello, que comandou os 11º e 12º contingentes, entre 2016 e 2017.

Na ocasião, o Espaço Memória também foi visitado pelo Secretário-Geral da Marinha, Almirante de Esquadra Eduardo Machado Vazquez, pelo Comandante em Chefe da Esquadra, Almirante de Esquadra Edgar Luiz Siqueira Barbosa, e por outros ex-comandantes e ex-integrantes da missão. A exposição não será limitada a visitantes da MB. A expectativa é que, em breve, o público em geral possa conhecê-la, mediante visitas programadas.


História e desafios enfrentados

A Força-Tarefa Marítima, componente naval da UNIFIL, foi criada em 2006 com o propósito de conduzir operações de interdição marítima e apoiar o adestramento da Marinha Libanesa, desempenhando tarefas de segurança marítima em suas águas jurisdicionais.

Em 24 de fevereiro de 2011, o Brasil assumia o comando da FTM, em razão da credibilidade das Forças Armadas brasileiras e dos laços históricos entre o País e o Líbano. A Fragata “União” foi incorporada em 14 de novembro de 2011, a fim de prestar maior suporte à autonomia do Comandante, o então Contra-Almirante Luiz Henrique Caroli.

Após quase uma década, em 15 de janeiro de 2021, a Marinha do Brasil encerrou sua participação na FTM-UNIFIL, comandada à época pelo Vice-Almirante Sergio Renato Berna Salgueirinho, enquanto Contra-Almirante, quando liderou os 19º e 20º contingentes.

O Almirante Salgueirinho falou sobre um dos dois maiores desafios que enfrentou: a explosão química no Porto de Beirute, no Líbano, em 04 de agosto de 2020, quando pelo menos 220 pessoas perderam suas vidas e mais de 6 mil ficaram feridas. “O Brasil tinha acabado de deixar o porto. O navio era a Fragata ‘Independência’. Substituímos a patrulha no mar do navio de Bangladesh e aí o navio de Bangladesh atracou no porto e nós fomos para o mar. Naquela tarde, no final do dia, houve a explosão. O navio de Bangladesh ficou muito afetado, as pessoas, os tripulantes. Nós ficamos muito preocupados com aquela situação. Nós não tivemos nenhuma avaria no mar, mas mesmo assim o navio chegou a sentir o impacto da onda de choque da explosão”.

O Almirante mencionou, ainda, a pandemia de Covid-19 como um outro grande obstáculo superado. “As várias tarefas que nós tínhamos que cumprir que eram, por exemplo, adestrar a Marinha do Líbano, foram prejudicadas. Nós tivemos que nos reinventar na missão e, em nenhum momento, deixamos de cumprir nossa tarefa, deixamos de ir pro mar, deixamos de fazer toda a nossa atividade”.

A Força-Tarefa Marítima UNIFIL foi o primeiro e único componente naval de uma missão de paz da ONU. O Brasil, por sua vez, foi o primeiro país não integrante da Organização do Tratado do Atlântico Norte a participar da Operação. Foram, ao total, 20 contingentes sob a liderança da MB. Além da Fragata “União”, as Fragatas “Constituição”, “Liberal e “Independência”, a Corveta “Barroso” e o Navio-Patrulha Oceânico “Apa” representaram a Marinha do Brasil.

Assista ao vídeo:

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