Brasília (DF) sedia, pela segunda vez, a exposição “Navios & História”, do modelista naval e historiador militar Marcello Araripe. A mostra, que fica em cartaz até o dia 18 de maio, para estudantes do Colégio Marista e convidados, traz miniaturas de quatro importantes navios de guerra do País, cujas histórias contribuem para reconstruir o passado e entender a evolução tecnológica nacional.
Uma mesa redonda na tarde desta sexta-feira (3), com a participação do artista e do Chefe do Departamento de Produção e Divulgação do Centro de Comunicação Social da Marinha, Capitão de Mar e Guerra James Bessa, marcou a abertura da exibição. O encontro teve, ainda, palestras dos professores de História e de Química do Colégio Marista, Pedro Ferrari e Adrian Tobio.

Araripe relembrou a importância da Esquadra brasileira para garantir a unidade territorial do País após a declaração de Independência, em 1822. Ele também mencionou a contribuição do modelismo para a construção naval, em uma época em que não havia recursos digitais para engenharia de projetos, e o emprego frequente dessas miniaturas no cinema, como nos filmes Titanic (1997) e Pearl Harbor (2001).
O Capitão de Mar e Guerra Bessa falou sobre o ingresso na carreira militar a partir de sua experiência no Colégio Naval e na Escola Naval, instituições de ensino médio e superior da Marinha, respectivamente. Também mostrou a rotina a bordo dos navios que já tripulou e comandou ‒ o último deles, o Navio-Patrulha Oceânico "Araguari", quando coordenou a maior apreensão de drogas no mar brasileiro.

Fora das salas de aula
Segundo a coordenadora de Tecnologias e Transformação Digital do Colégio Marista, Larissa Victorio, a mostra permite o aprendizado de forma inovadora e interdisciplinar. “Tentamos sempre buscar despertar nos alunos interesses por diversas áreas, para que eles vejam possibilidades diferentes de aprendizagem e entendam que não é somente em sala de aula que ela acontece”, avalia.
Para as montagens, Araripe precisou pesquisar de plantas a periódicos, o que permitiu que aprendesse mais sobre cada época. Ele acredita que esse processo pode ser aplicado na educação escolar. “O modelismo naval se encaixa perfeitamente nas metodologias ativas, em que o aluno é protagonista do próprio aprendizado. A arte se torna vetor para acesso a outros conhecimentos”, assegura.
Curiosidades dos navios
Cada miniatura é acompanhada de referências históricas e curiosidades. Os primeiros navios da Esquadra brasileira, por exemplo, têm ao fundo uma aquarela do Almirante Trajano Augusto de Carvalho, batizado com o mesmo nome do pai, o engenheiro brasileiro cuja invenção, a ‘Carena de Trajano’, obteve repercussão internacional e, segundo Araripe, revolucionou a navegação mundial.
A réplica da Fragata “Independência” também está na mostra e foi incluída como forma de homenagear a indústria naval brasileira, por ter sido a primeira da Classe ‘Niterói’ totalmente construída no País. Há, ainda, modelos do Navio-Escola “Guanabara”, que continua em atividade sob a bandeira de Portugal, e do Submarino “Ceará” (1973-1987).
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