A 10 meses de completar 160 anos de existência, a Escola de Aprendizes-Marinheiros do Ceará (EAMCE) inaugurou, neste sábado (20), uma nova e ampla Capela para celebração de cultos religiosos, atendendo, assim, à crescente participação dos alunos nas atividades proporcionadas pela Capelania e à busca por um espaço com mais conforto e dignidade para apoiar a Família Naval na região, já que o novo templo tem capacidade para 200 pessoas.
O evento de inauguração contou com a presença do Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen e membros da Tripulação e da Família Naval. Também prestigiaram o evento: o Diretor-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM), Almirante de Esquadra Petronio Augusto Siqueira de Aguiar, o Comandante-em-Chefe da Esquadra (ComemCh), Vice-Almirante Paulo César Bittencourt Ferreira, o Chefe do Gabinete do Comandante da Marinha, Vice-Almirante André Moraes Ferreira, o Comandante do 3º Distrito Naval (Com3ºDN), Vice-Almirante Alexander Reis Leite, o Comandante da 1ª Divisão da Esquadra (ComDiv-1), Contra-Almirante Nelson de Oliveira Leite, o Diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha (CCSM), Contra-Almirante Alexandre Taumaturgo Pavoni e o Diretor do Centro de Controle Interno da Marinha (CCIMAR), Contra-Almirante Intendente Victor Leal Domingues.
Em seguida, houve a Celebração Eucarística presidida pelo Capelão Chefe do Serviço de Assistência Religiosa da Marinha, Capitão de Mar e Guerra Odécio Lima de Souza.

Linha do tempo
A atividade religiosa na EAMCE remonta ao século XIX, por ocasião da criação da própria Escola, mas somente em 1995 houve reserva de um espaço no prédio do Departamento de Ensino, com capacidade para 30 pessoas, na finalidade de atender às celebrações de cunho religioso. Nessa época, o Serviço de Assistência Religiosa da EAMCE tinha como responsável o Capelão Naval Padre Agostinho Justino dos Santos.
Desde então, o serviço de Capelania da EAMCE era desempenhado por Capelães Padres, quando, em 2019, embarcou o primeiro Capelão Evangélico na Escola, o Pastor José Roberto Gomes da Costa, sugerindo a construção de uma Capela mais ampla e ecumênica.
Sob o Comando do Capitão de Fragata Alexandre Silva, foi dado início ao projeto. A captação de recursos, por meio de emenda parlamentar, ocorreu em 2020, junto ao Senador Eduardo Girão e Deputado Federal Dr. Jaziel Pereira de Sousa. A execução da obra foi feita em duas etapas, com duração de dois anos (2021 a 2023). Assim, foram contemplados os Comandos do Capitão de Fragata Ruy Ulisses da Veiga Júnior e do Capitão de Fragata Daniel Rocha.
“A inauguração da Capela, no ano em que esta Escola completa seu 160º aniversário, representa a conquista de um anseio da Tripulação desta Organização Militar e da Família Naval, especialmente o Corpo de Alunos, que é a missão desta Escola. Esta nova Capela será um espaço para as diversas celebrações religiosas, considerando as diferentes crenças, sendo assim uma forma de exercitar a espiritualidade, que tanto contribui com o bem-estar do indivíduo e suas relações com o próximo, além de criar um sentimento de pertencimento à própria MB”, celebrou o Comandante da EAMCE, Capitão de Fragata Daniel Rocha.

História
Em 1872, poucos anos após sua criação, a EAMCE recebeu seu primeiro Capelão, o Padre Francisco Pedro da Silva Nolasco. Naquele período, os capelães a serviço da Marinha do Brasil não eram militares, mas sim religiosos contratados para fornecerem assistência religiosa à Força, que eram denominados Oficiais do Culto. Até a Proclamação da República, prestaram serviços eclesiásticos na EAMCE mais três sacerdotes católicos.
No início de 1890, com a ascensão do novo sistema político, o serviço de assistência religiosa das Forças Armadas foi extinto e os sacerdotes exonerados de suas funções. No caso da EAMCE, o então Capelão, Padre Vicente Godofredo Macahyba, permaneceu a serviço da Marinha, mas apenas como professor de ensino elementar aos Aprendizes-Marinheiros.
O ressurgimento do Serviço de Assistência Religiosa na Marinha do Brasil se daria após a Segunda Guerra Mundial, ocorrido de modo mais organizado e regulamentado, tendo sido, inclusive, criado um Quadro de Capelães Navais. Em 1947, no Comando do Capitão de Corveta Sílvio Mário Guimarães Barreto, por meio da Portaria n° 648, de 14 de março, foi criada a Capelania da EAMCE.
O primeiro Capelão Naval dessa nova fase foi o padre José Theógenes Gondim, que serviu na Escola por 21 anos. Mesmo tendo sido criada em 1947, por décadas a Capelania não contou com uma Capela. Sempre que necessário, um altar era montado nas dependências da Escola para que qualquer celebração pudesse desenvolver-se.

EAMCE 160 anos
A Escola foi criada em 26 de novembro de 1864, mas instalada somente em 26 de fevereiro de 1865. Funcionou, inicialmente, com um pequeno número de Aprendizes, em uma modesta casa da antiga Rua da Praia. Transferiu-se, posteriormente, para um prédio, tipo barracão, situado próximo ao Poço da Draga, antigo porto da cidade de Fortaleza, local onde atualmente funciona a Secretaria da Fazenda do Estado (SEFAZ).
A formação do Aprendiz-Marinheiro compreendia o curso primário e os elementos profissionais, estritamente necessários ao desempenho do serviço de bordo. Por ocasião da Guerra do Paraguai, houve uma ampliação das instalações com a finalidade de formar 300 Aprendizes/ano, para atender à demanda da Esquadra à época.

No início do século, especificamente na data de 1º de outubro de 1908, e já com a denominação de Escola de Aprendizes-Marinheiros do Ceará, foi transferida para Jacarecanga, onde passou a ocupar um prédio de dois andares. No período de 05 de novembro de 1931 a 26 de maio de 1940, a Escola foi extinta e todo o seu material e demais pertences foram distribuídos para as demais escolas.
Após restabelecida, houve ampliação das instalações físicas, que permitiram à Escola propiciar melhor apoio a seus alunos, como também assumir tarefas subsidiárias determinadas pela própria evolução e reorganização da Marinha. Hoje, a EAMCE tem estrutura capaz de formar cerca de 500 Marinheiros por ano, além de prover assistência médico-odontológica, psicológica, jurídica e social aos militares da ativa e da reserva da Marinha no Ceará, bem como a dependentes e pensionistas.
O ingresso para o Curso de Formação de Marinheiros para Ativa (C-FORM-MN) é feito através de concurso público nacional, cujos principais requisitos são: ser brasileiro nato e ter concluído o Ensino Fundamental; ter mais de 18 anos e menos de 22 anos na data prevista para início do curso; e ser solteiro, nunca haver vivido em concubinato ou união estável e não ter filhos.

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