Mais de um século após desembarcar no Brasil a bordo do Navio-Escola “Benjamin Constant”, o jiu-jitsu reafirma sua tradição nas fileiras navais com a vitória da Marinha do Brasil (MB) no primeiro Campeonato de Jiu-Jitsu das Forças Armadas. Com nove títulos conquistados entre as 19 categorias disputadas, a equipe alcançou o primeiro lugar na competição, realizada no Rio de Janeiro (RJ), e confirmou o protagonismo da instituição na modalidade que une técnica, disciplina e espírito de corpo.
Realizado em 12 de julho, na Comissão de Desportos da Aeronáutica (CDA), o campeonato reuniu mais de 200 atletas militares. A equipe da Marinha contou com 50 competidores, que se destacaram frente a representantes do Exército Brasileiro, da Força Aérea Brasileira e das Forças Auxiliares, como a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) e o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ).
“O campeonato não apenas revelou o alto nível técnico dos nossos militares praticantes de jiu-jitsu, como também fortaleceu a integração entre as Forças Armadas e as Forças Auxiliares. O ambiente de respeito, disciplina e camaradagem foi um destaque, reafirmando os valores do desporto militar”, avaliou o Presidente da Comissão Desportiva Militar do Brasil, General de Divisão Paulo Afonso Bruno de Melo. Segundo ele, a intenção é consolidar a competição no calendário anual da Comissão, com mais participantes e ampliação das categorias femininas.
Reconhecimento mundial
A valorização do jiu-jitsu no ambiente militar, segundo o General de Divisão Paulo Afonso, está diretamente ligada às características da arte marcial.
“Por ser uma arte marcial que desenvolve atributos essenciais ao combatente: disciplina, autocontrole, resiliência e espírito de superação, ainda mais pelo Brasil ser o berço do jiu-jitsu, uma modalidade que já possui enorme reconhecimento mundial. Dessa forma, entendemos que o seu incentivo no âmbito militar pode se transformar em um diferencial competitivo para o País.”

A iniciativa também prepara os atletas para desafios internacionais. “Existe a possibilidade do ingresso do jiu-jitsu no calendário oficial do Conselho Internacional do Esporte Militar e a promoção da modalidade internamente prepara nossos militares para representar o Brasil em eventuais futuras competições internacionais, ampliando nossas chances de medalhas e de projeção no cenário esportivo militar global. Portanto, não é apenas uma competição, mas um grande passo para o fortalecimento do Brasil no esporte militar internacional”, reitera o General de Divisão Paulo Afonso.
Vitória consagra anos de treinamentos
Para o Encarregado da Divisão de Educação Física e Esportes da Escola de Aprendizes Marinheiros de Santa Catarina, Capitão de Corveta (Quadro Técnico) Rodrigo Di Blazio Santos, a vitória nesta competição significa a consagração de dois anos de treinamento dos competidores. “Mostramos que somos unidos, organizados, determinados e disciplinados, vindo de uma preparação árdua e de longo prazo, onde 100% dos militares, por meios próprios, buscaram se preparar desde que tivemos notícias da possibilidade de inclusão do jiu-jitsu como esporte militar”, afirmou.

A equipe da MB encerrou a competição com 132 pontos e teve atletas premiados em diversas categorias. O Capitão de Corveta (T) Rodrigo Di Blazio Santos destacou-se com dois títulos: campeão na categoria “Master Pesado” (faixas marrom e preta, até 94,3 kg, acima de 30 anos) e “Master Absoluto” (reunindo finalistas de todas as categorias acima de 30 anos). A seguir, os demais militares da Marinha que conquistaram o primeiro lugar em suas categorias:
Adulto (até 30 anos) Masculino ‒ Pluma (até 64 kg)
Soldado (Fuzileiro Naval) Allan Brenno Sousa Pacheco
1º Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais
Adulto (até 30 anos) Masculino ‒ Médio (até 82,3 kg)
Terceiro-Sargento (Meteorologia) Gabriel Duarte Ferreira
Centro de Hidrografia da Marinha
Adulto (até 30 anos) Masculino ‒ Meio Pesado (até 88,3 kg)
Aspirante Lucas Almeida da Silva
Escola Naval
Adulto (até 30 anos) Masculino ‒ Pesado (até 94,3 kg)
Terceiro-Sargento (Fuzileiro Naval – Músico) Thiago Pereira José da Silva
Centro de Instrução Almirante Graça Aranha
Adulto (até 30 anos) Masculino ‒ Super Pesado (até 100,5 kg)
Terceiro-Sargento (Operador de Radar) Nícolas Oliveira Souza da Silva
Centro de Instrução Almirante Alexandrino
Master (acima de 30 anos) Masculino ‒ Pena (até 70 kg)
Segundo-Sargento (Sinais) Matheus Azevedo Nunes
Fragata “União”
Master (acima de 30 anos) Masculino ‒ Leve (até 76 kg)
Primeiro-Sargento (Barbeiro) Rodrigo Azevedo de Lima
Centro Tecnológico do Corpo de Fuzileiros Navais
Master (acima de 30 anos) Masculino ‒ Pesado (até 94,3 kg)
Capitão de Corveta (Quadro Técnico) Rodrigo Di Blazio Santos
Escola de Aprendizes Marinheiros de Santa Catarina
Master (acima de 30 anos) Masculino ‒ Absoluto
Capitão de Corveta (Quadro Técnico) Rodrigo Di Blazio Santos
Escola de Aprendizes Marinheiros de Santa Catarina
Tradição Naval
A presença do jiu-jitsu na MB remonta ao ano de 1908, quando dois instrutores japoneses chegaram ao País a bordo do Navio-Escola “Benjamin Constant”, durante uma viagem de circunavegação com escala em Yokohama. Após se integrarem à tripulação, há indícios de que seguiram lecionando a arte marcial no Rio de Janeiro (RJ), na então sede do Corpo de Marinheiros Nacionais, na Ilha de Villegagnon. O episódio é considerado um dos marcos da introdução do jiu-jitsu em território brasileiro.

Mais de um século depois, o espírito de combate e a tradição dessa prática seguem vivos entre os militares da Força, agora fortalecidos por conquistas esportivas que refletem excelência técnica, preparo físico e os valores permanentes da Marinha do Brasil.
Saiba mais: www.agencia.marinha.mil.br/esporte/jiu-jitsu-chega-ao-brasil-bordo-de-navio-da-marinha
Capa e galeria: Sargento Moisés/ CDA
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