A Marinha do Brasil (MB) manteve-se na tradição de auxiliar uma das maiores organizações médicas voluntárias do mundo, na atenção em saúde a crianças, jovens e adultos. De 7 a 13 de janeiro, a “Operação Sorriso” atendeu 975 pessoas, em Mossoró (RN), realizando, entre diversos procedimentos odontológicos, 41 cirurgias de correção de fissuras labiais (lábio leporino) e de fendas palatinas (aberturas congênitas no “céu da boca”).
As cirurgias corretivas foram fundamentais para solucionar dificuldades de alimentação, respiração e fala, que são alguns dos problemas enfrentados por quem possui fissura labial e/ou palatina. O atendimento efetuado pela Operação contou com o apoio logístico e de pessoal da MB, por intermédio do Comando do 3º Distrito Naval.
No apoio logístico e triagem dos pacientes que pleiteavam as cirurgias, foram empregados militares das Organizações Militares de Natal (RN), Areia Branca (RN) e Fortaleza (CE). O Agente da Capitania dos Portos em Areia Branca, Capitão-Tenente Eraldo Henrique de Figueiredo, ressaltou o comprometimento da MB com a causa. “É uma honra e uma satisfação enorme poder prestar esse apoio humanitário. Poder promover apoio logístico é algo que muito nos orgulha e nos enche de satisfação", celebrou o Oficial.
O lábio leporino é caracterizado por uma abertura que começa na lateral do lábio superior, que o divide em duas partes, e a falha no fechamento das estruturas pode afetar apenas o lábio ou se estender até o espaço entre os dentes incisivo lateral e canino, atingir a gengiva, o maxilar superior e chegar o nariz. No caso da fenda palatina, a abertura pode atingir todo o céu da boca e a base do nariz, estabelecendo comunicação direta entre um e outro. Pode também aparecer dividida a úvula (campainha da garganta).
Gerailton Vitor da Silva, de 21 anos, foi um dos selecionados para realizar a cirurgia. O participante, que veio do Ceará, viu na oportunidade do procedimento uma chance de mudar de vida. “A ‘Operação Sorriso’ vai influenciar muito a minha vida, pois é muito difícil, além de nascer com esse problema, procurar ajuda e não conseguir. Agora vou ter uma saúde melhor“, declarou.
Além de problemas de saúde, quem tem a fissura labial ou palatina enfrenta outra barreira: o preconceito. A tarefa de conviver socialmente e conquistar um trabalho se torna mais árdua, o que dificulta o acesso a hospitais e recursos financeiros para realizar as cirurgias necessárias.
A professora Luciere Cavalcante da Silva Gonçalves, mãe da pequena Isa Helena, de dois anos, ficou sabendo da Operação por meio de um médico que realizou o primeiro procedimento da filha. "Procuramos a Operação para melhorar a vida da Isa Helena, pois como o palato dela é aberto, isso dificulta na alimentação, além de ter dificuldade na hora de pronunciar algumas palavras", disse.
Assim como Gerailton e Isa Helena, outros 39 pacientes tiveram suas cirurgias realizadas nesta edição. "Foi uma grata surpresa ter a presença da Marinha do Brasil apoiando em um evento desse, não sabia que apoiavam ações de caráter humanitario, isso é muito gratificante", relata Luciere.

Operação Sorriso e Marinha do Brasil
A “Operação Sorriso” é uma organização médica voluntária, dedicada a reunir profissionais para operar gratuitamente cidadãos com fissura labial e fenda palatina. A coparticipação da Marinha com a “Operação Sorriso” é realizada desde 2008, quando a Força iniciou o apoio às missões em todo o País.
De acordo com o Coordenador local da “Operação Sorriso” em Mossoró, Nipson Torres de Araújo, que participa há sete anos, esse “projeto é muito importante, e exige a participação de muitos voluntários, pois é necessário coordenar várias áreas para que tudo esteja pronto para a realização das cirurgias quando a equipe médica chegar”, declarou. Segundo ele, o trabalho meticuloso é recompensado com a devolução do sorriso aos pacientes. “É uma alegria poder participar e ver a mudança na vida dos nossos pacientes e na vida de seus familiares”, completa o coordenador.
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