Com um histórico de sucesso e contribuição significativa para o esporte de alto rendimento no Brasil, o Programa Olímpico da Marinha (PROLIM) se prepara para mais um desafio: os Jogos Olímpicos de Paris 2024, que começam hoje (24). Dos 277 atletas brasileiros que competirão nas Olimpíadas, 43 são militares da Marinha do Brasil (MB), participando em 12 modalidades, reforçando a efetividade do programa no cenário esportivo nacional.
O Time Brasil, equipe que representa o País em todas as modalidades esportivas, contará com a experiência de militares que já participaram de edições anteriores dos Jogos Olímpicos, incluindo três medalhistas da última edição: o corredor Alison dos Santos e o judoca Daniel Cargnin, ambos medalhistas de bronze, e a boxeadora Beatriz Ferreira, que conquistou a medalha de prata, sendo a primeira brasileira a chegar a uma final olímpica feminina na modalidade.
A presença dos atletas experientes serve de inspiração e liderança para os novos talentos que integrarão o time nos Jogos de Paris 2024. “O espírito de corpo nos une, nos torna um time. Torcemos uns pelos outros e, estar ao lado de pessoas que já conquistaram vagas e medalhas em outras edições, me dá ainda mais força para vencer e alcançar meus sonhos como eles já fizeram”, afirmou a Terceiro-Sargento Laura Amaro. A atleta ingressou aos 13 anos no Programa Forças no Esporte (PROFESP), do Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (CEFAN), e alcançou sua primeira participação nos Jogos, defendendo o Brasil no Levantamento de Peso Olímpico.

O Programa Olímpico da Marinha
Criado para apoiar atletas de diversas modalidades esportivas, o PROLIM oferece uma infraestrutura de treinamento de ponta e um suporte multidisciplinar. O programa visa promover o desenvolvimento do esporte nacional, contribuindo para a transformação do Brasil em uma potência olímpica, mas também suscitar valores. Preparando-se para participar de sua segunda Olimpíada, classificado para cinco provas da natação para Paris 2024, o Terceiro-Sargento Guilherme Costa ressalta os princípios que caminham lado a lado no militarismo e no esporte. “Os valores como disciplina e dedicação fazem parte da vida de qualquer atleta do esporte de alto rendimento e estão diretamente ligados à vida militar”, conta.
Desde a sua criação, o programa tem sido uma força motriz por trás de muitos dos sucessos olímpicos do Brasil. A preparação intensiva e o suporte oferecido são fatores-chave que alimentam a esperança de novas conquistas e medalhas para o Brasil.
Desde 2008, já foram incorporados à Marinha do Brasil, por meio do esporte, cerca de 200 atletas, contemplando 23 modalidades (Atletismo, Basquete, Beach Soccer, Boxe, Futebol Feminino, Golfe, Judô, Levantamento de Peso Olímpico, Lutas Associadas, Maratona Aquática, Nado Sincronizado, Natação, Orientação, Pentatlo Militar, Pentatlo Moderno, Pentatlo Naval, Remo, Saltos Ornamentais, Taekwondo, Tiro Esportivo, Triatlo, Vela e Vôlei de Praia).
Nos jogos de Paris, a participação da Marinha do Brasil incluirá atletas nas modalidades de Atletismo, Boxe, Canoagem, Ginástica Rítmica, Judô, Levantamento de Peso Olímpico, Natação, Remo, Saltos Ornamentais, Taekwondo, Vela e Vôlei de Praia.
O Contra-Almirante (Fuzileiro Naval) Cláudio Lopes de Araujo Leite, Presidente da Comissão de Desportos da Marinha (CDM) e Comandante do CEFAN, destaca a importância do apoio oferecido para a busca por resultados. “Estamos muito otimistas em relação à participação dos nossos atletas do PROLIM nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. A Marinha tem dedicado esforços significativos para apoiar e preparar nossos atletas de forma integral. Estamos confiantes de que nossos militares estão totalmente preparados para alcançar resultados expressivos. O comprometimento e a disciplina demonstrados por nossos atletas são um reflexo do espírito de excelência que a Marinha promove”, afirmou o Contra-Almirante Cláudio Leite.
Histórico
A primeira participação do Brasil nos Jogos Olímpicos ocorreu em 1920, na Antuérpia (Bélgica), tendo sido representada por militares nas equipes de natação e polo aquático, tendo esta última alcançado a 6ª colocação geral, comprovando que os militares e os esportes de alto rendimento estão fortemente relacionados.
Depois dos Jogos Olímpicos da Antuérpia, houve outras participações de militares da Marinha nas delegações brasileiras. Em 1947, o Conselho de Esportes das Forças Armadas foi extinto e, em 1948, foi criado o Conselho Internacional do Esporte Militar (CISM), sendo que o Brasil somente se tornou membro do referido Conselho em 1954. O CISM ao longo de todos esses anos, já participou da coordenação de mais de 52 Campeonatos Mundiais Militares. Em 2006, por ocasião da 61ª Assembleia Geral do CISM, realizada em Roma (Itália), o Brasil deu um importante passo para a mudança no panorama do desporto militar brasileiro, pois formalizou sua candidatura com a finalidade de sediar os 5º Jogos Mundiais Militares (JMM).
Com a escolha do Brasil para sediar os 5º JMM em 2011, a alta administração naval realizou importantes mudanças internas. O CEFAN passou para a subordinação do Corpo de Fuzileiros Navais: primeiramente, para o Comando de Pessoal de Fuzileiros Navais em 2008 e, posteriormente, para o Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais em 2010.
Com a certeza de que o Brasil sediaria os próximos JMM, era necessário realizar investimentos em todos os setores envolvidos para recepcionar um grande evento esportivo, principalmente na área de pessoal – em especial na preparação dos atletas.
Após análise detalhada dos resultados anteriores, verificou-se a necessidade da incorporação de atletas de alto rendimento civis nas fileiras militares. Assim, em 2008, o Programa de Atletas de Alto Rendimento (PAAR) foi concebido e iniciado de forma pioneira pela Marinha do Brasil, sob a supervisão do Ministério da Defesa, em coordenação com o Ministério do Esporte.
O Programa, inspirado na experiência de alguns países europeus, tinha como propósito melhorar a qualificação da representação brasileira por meio da incorporação à MB de atletas de alto rendimento com elevada probabilidade de conquistar resultados expressivos nas modalidades que seriam disputadas nos 5º Jogos Mundiais Militares. Esta intenção foi efetivada por meio de editais públicos para seleção dos atletas, que de forma voluntária participavam do processo. A iniciativa da Marinha foi, logo em seguida, reproduzida pelo Exército Brasileiro e, alguns anos depois, pela Força Aérea Brasileira.
Em 2011, a representação brasileira nos 5º Jogos Mundiais Militares, reforçada com atletas de alto rendimento temporários recrutados foi um sucesso, obtendo o 1º lugar no quadro geral de medalhas, uma evolução enorme quando comparada a 33ª colocação obtida nos 4º Jogos Mundiais Militares/2007, onde conquistou apenas duas medalhas de prata e uma de bronze.
No ano seguinte, o Time Brasil que disputou os Jogos Olímpicos de Londres 2012 contava com 259 atletas, sendo 51 militares das Forças Armadas, que conquistaram cinco das dezessete medalhas obtidas pelo Brasil, sendo duas por atletas da MB: ouro da Marinheiro Sarah Menezes e bronze da Marinheiro Mayra Aguiar, ambas no Judô. O sucesso alcançado pelos atletas militares nestas duas competições levou a Alta Administração Naval a criar, em 2013, o Programa Olímpico da Marinha.

O Ato administrativo que criou o Programa Olímpico da Marinha (PROLIM) estabeleceu que o Programa é elaborado no âmbito do Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) e aprovado pelo Comandante da Marinha. Cabe ao Comandante-Geral do CFN a direção do Programa.
Os projetos sociais e de base, como o PROFESP, que oferecem aos jovens de comunidades de baixa renda o acesso à prática esportiva, passaram a integrar paralelamente o PROLIM, buscando prioritariamente a inclusão social e, extraordinariamente, revelar novos talentos para o esporte nacional.
Em 2016, o Time Brasil que participou dos Jogos Olímpicos do Rio era composto por 465 atletas, sendo 145 das Forças Armadas, dos quais, 55 eram militares da MB, o que corresponde a 11,83% de todos estes profissionais. A delegação brasileira conquistou 19 medalhas, sendo 13 por atletas militares, das quais 6 foram obtidas por militares da MB: quatro de ouro (Sargentos Robson Conceição/boxe, Rafaela Silva/judô, Martine Grael e Kahena Kunze/vela e Alisson Cerruti e Bruno Schmidt/vôlei de praia), uma de prata (Sargentos Aghata e Bárbara/vôlei de praia) e uma de bronze (Sargento Mayra Aguiar/judô).
A participação de atletas da MB na conquista de 6 medalhas, sendo 4 de ouro, contribuíram decisivamente para o resultado final no quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos do Rio, levando o Brasil ao 13º lugar, um grande salto em relação ao 22º lugar conquistado nos Jogos de Londres 2012.
Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020
Nos Jogos de Tóquio, o Time Brasil era composto por 301 atletas (161 homens e 140 mulheres), que competiram em 35 modalidades, subindo ao pódio em 13 delas, tendo sido conquistadas 21 medalhas, sendo sete de ouro, o maior número em uma edição olímpica, igualando os Jogos Olímpicos do Rio 2016. Foi a melhor participação do Brasil nos Jogos Olímpicos até então, com o País terminando em 12° lugar no quadro de medalhas. Um dos trunfos desta campanha foi o desempenho feminino. Pela primeira vez, as brasileiras conquistaram três ouros em uma edição olímpica e totalizaram nove pódios (foram ainda 4 pratas e 2 bronzes).
O excelente resultado alcançado pelo Brasil nos Jogos de Tóquio teve contribuição decisiva dos atletas militares, particularmente dos pertencentes à MB. Dos 301 atletas que competiram em Tóquio, 44 eram militares da Força (24 mulheres e 20 homens), o que corresponde a 14,62 % da delegação brasileira, que conquistaram seis medalhas (3 ouros, 1 prata e 2 bronzes).

O resultado alcançado pelos atletas do PROLIM nos Jogos Olímpicos de Tóquio, quando comparado aos dos Jogos anteriores, mostra uma evidente evolução nos dois principais indicadores de qualidade do Programa: percentual de participação de atletas da MB no Time Brasil.
Embora o Comitê Olímpico do Brasil não tenha anunciado uma meta para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, a expectativa é que o resultado obtido em Tóquio seja superado. Neste ciclo olímpico mais curto, de três anos, os resultados esportivos positivos continuam a ocorrer. Em 2022, os atletas brasileiros conquistaram 23 medalhas nos diversos campeonatos mundiais das modalidades que compõe o programa olímpico.
No âmbito do PROLIM, o apoio direto proporcionado pelas remunerações tem possibilitado que jovens promissores continuem a se dedicar ao treinamento, evoluindo competitivamente no cenário internacional, o que seria difícil para atletas de algumas modalidades que não tem visibilidade na mídia e o consequente suporte financeiro. Além disso, outros benefícios indiretos proporcionados pela MB têm contribuído para obtenção de resultados, tais como: assistência médica, odontológica e psicológica; tratamento fisioterápico qualificado e voltado para o atleta de alto rendimento; condução de treinamento por profissionais especializados em educação física e qualificados tecnicamente para as modalidades esportivas; bem como o uso das modernas instalações esportivas do CEFAN.



Comentários
Boa sorte ao nossos atletas da MB nas Olimpíadas de Paris 👏⚓️🇧🇷🏅🏆🎖🏅🎖🏆🥇🥇Adsumus
CENTAPUA
CENTAPUA
Oficiais da Marinha também podem treinar para as olimpíadas aí?
Por exemplo, alguém formado na EN poderia?
Pode sim se tiver potencial para ser atleta de alto rendimento porém ninguém quer pois militar de carreira que vira "atleta" é queimado na Marinha é visto como preguiçoso/escamado. Logo abaixam o conceito do militar e a carreira militar vai de ralo.
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