Localizado no centro do Rio de Janeiro (RJ), o Museu Naval recebe a exposição gratuita “Tinta & Fogo: a Esquadra por Balliester”, do pintor carioca Carlos Balliester (1873-1926), até o próximo domingo (16). A mostra reúne 36 obras, entre pinturas, utensílios em prata de navios que foram retratados pelo artista e objetos pessoais.
A exposição, localizada no segundo andar do espaço, está dividida em duas salas. No primeiro momento, os visitantes vão encontrar pinturas a óleo em telas ou madeira, que mostram os navios da Marinha do Brasil (MB) no final do século XIX. Nessa primeira fase, as pinturas expressam o romantismo de Balliester, retratando embarcações a vela, sua paixão pelo mar e as emoções dos Marinheiros diante do mar revolto, ventos e tempestades.
Já na segunda parte, as obras retratam uma arte mais plástica, demonstrando como os navios da nova Esquadra, de 1910, eram mais imponentes, maiores e como eles dominam a paisagem dos quadros. Nessa fase, os grandes protagonistas são embarcações como os encouraçados e os submarinos.

Segundo a curadora da exposição e doutora em história, Capitão-Tenente Fernanda Deminicis, a abordagem da nova Esquadra é o grande tema da vida do Balliester. Apesar de ele ter sido um escrivão que tirava licenças do trabalho para pintar para a Marinha, ele entendia a vida marinheira como se integrasse a Força.
“O artista tinha muito conhecimento sobre a vida no mar e isso fica muito claro nos quadros dele. Entre as pinturas, é possível ver luzes de bombordo e boreste, de proa e de popa, além da bandeira no mastro - detalhes que apenas quem é ‘de Marinha’ pode compreender”, explica.
Entre os quadros, é possível conhecer também miniaturas em prata dos navios que foram pintados, como os encouraçados “São Paulo” e “Minas Gerais”, além dos livros dos navios, cartas e o material de pintura do Balliester, como pincéis e cavalete. Toda a documentação foi fornecida pela neta dele, Leila Balliester, que também é pintora.
“O início do temporal”
Entre os destaques da exposição, está a obra “O início do Temporal”, que ilustra o avanço tecnológico que ocorria naquele momento da implantação da Esquadra de 1910. A pintura expõe um cruzamento temporal entre uma embarcação a vela e outra de propulsão a vapor, em uma mesma obra.

Turista de Porto Alegre (RS), a estudante Beatriz Dias Carvalho estava de férias com a mãe, o pai e os dois irmãos no Rio de Janeiro quando descobriu a exposição por meio de uma pesquisa na internet. “Não esperava que acharia tão interessante assim. Consegui perceber os detalhes das embarcações e a mensagem da importância do nosso poder naval. Acredito que esse tipo de exposição aproxima a população da realidade das Forças Armadas e, claro, aprendemos muito com isso.”
A exposição e Balliester
Essa é a primeira vez que essa coleção é reunida em um único espaço. A obra mais antiga presente na mostra do Museu Naval data de 1890 e a mais recente é de 1922.
Com a documentação visual da Esquadra de 1910, Balliester registrou a modernização da Marinha. Para além disso, o pintor contribuiu para a captura da essência de uma época em que o País buscava se afirmar como uma nação tecnológica em defesa e desenvolvida em mentalidade marítima.
Para situar melhor os visitantes, frases que exprimem e reforçam a importância do poder naval são dispostas ao lado das obras. Um dos mais importantes recortes foi dito pelo então Ministro do Brasil na Grã-Bretanha, Régis de Oliveira, durante o Discurso de lançamento do Encouraçado São Paulo, em 1909.
“Não estamos concluindo uma grande esquadra para ostentação de forças no mundo. Estamos com isso apenas voltando à nossa antiga tradição de paz e de trabalho, tendo em vista as necessidades do presente. Desejamos viver em amizade com as outras nações, mas é nosso dever reconstruir a nossa esquadra.”
Informações:
Exposição: Tinta & Fogo: a Esquadra por Balliester;
Local: Museu Naval;
Endereço: Rua Dom Manuel 15, Praça XV - Centro, Rio de Janeiro (RJ);
Quando: de terça a domingo, até o dia 16 de fevereiro;
Horário: das 13h às 17h;
Entrada gratuita
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