As águas da Bahia, que já são famosas por sua biodiversidade marinha, estão se tornando ainda mais encantadoras neste período do ano, com a chegada das baleias jubarte. De junho a outubro, a região costeira conta com a presença dessas gigantes, que migram para as águas mais quentes da Bahia em busca de reprodução e alimentação. Entre os locais de observação, destaca-se a cidade de Salvador, que se torna um verdadeiro ponto de encontro entre os apaixonados por vida marinha e as baleias que escolhem o litoral baiano como destino sazonal.

A fim de observar e estudar o comportamento desses animais durante sua estadia na região, a equipe do Projeto Baleia Jubarte estabeleceu uma base no Museu Náutico da Bahia, localizado no Farol Santo Antônio, administrado pela Marinha do Brasil. O Farol da Barra é um lugar estratégico, porque se encontra na ponta de península soteropolitana e possibilita uma vista 180° da Baía de Todos-os-Santos.

O coordenador do projeto e doutor em Ciência Animal, Gustavo Rodamilans de Macêdo, explica que o monitoramento ajuda a coletar dados valiosos para entender melhor a vida das baleias e fornece informações importantes para sua proteção. “O espetáculo natural atrai moradores locais e turistas ao longo da costa de Salvador, com avistamentos cada vez mais frequentes desses mamíferos marinhos. Ano passado, também tivemos o ponto fixo de observação e avistamos 577 baleias”.

 

Gustavo Rodamilans esclarece que a baleia jubarte é a espécie mais comum encontrada aqui nesta época do ano, pois migra para as águas mais quentes da Bahia, para se reproduzir e amamentar seus filhotes. “O processo de gestação das baleias dura em torno de 11 meses e elas só conseguem procriar em águas quentes. Depois de nascerem, as mães precisam cuidar muito bem dos filhotes, amamentá-los, para que aguentem a migração em outubro até o Polo Sul”, explica.

Cuidados com a navegação

A presença desses animais enriquece o ecossistema marinho e demonstra um possível sinal de recuperação populacional dessa espécie, que já esteve ameaçada de extinção devido à caça indiscriminada no passado. Contudo, é importante ressaltar que o aumento da presença de baleias jubarte traz consigo um desafio, que é a necessidade de maior atenção e cuidado por parte dos navegantes e embarcações que frequentam a região. 

O caso dos três tripulantes do veleiro “XEF”, que foram resgatados por uma ação coordenada pelo Serviço de Busca e Salvamento Marítimo do Leste (Salvamar Leste), após colidirem com uma baleia, no dia 21 de junho, a 130 quilômetros da costa de Ilhéus, mostra a importância dos cuidados com a navegação.

Para evitar incidentes semelhantes, é fundamental que as autoridades locais, os operadores de embarcações e os amantes do mar estejam bem informados sobre a presença das baleias jubartes na área. O estabelecimento de zonas de navegação seguras e a adoção de medidas preventivas, como a redução de velocidade, podem ajudar a minimizar os riscos de colisões acidentais. Nesse sentido, a Marinha do Brasil tem se empenhado em conscientizar os navegantes sobre as diretrizes a serem seguidas durante o período de avistamento das baleias.

“É importante lembrar que essas orientações não se aplicam apenas a embarcações particulares, mas também a operadoras de passeios turísticos e outras atividades náuticas”, ressalta o Capitão dos Portos, Capitão de Mar e Guerra Wellington Lemos Gagno.
 

Algumas das principais orientações da Capitania dos Portos da Bahia (CPBA) e do Projeto Baleia Jubarte são:

1. Direção do animal: ao avistar uma baleia, deve-se observar a direção que ela está se deslocando, de forma que as embarcações não se posicionem na frente do animal;

2. Manter distância segura: é crucial que as embarcações mantenham uma distância segura, de no mínimo 100 metros das baleias, para evitar perturbações e estresse desnecessários aos animais. Aproximar-se muito pode assustá-las e afetar suas rotas migratórias, além de favorecer um possível abalroamento;

3. Evitar manobras bruscas: navegantes devem evitar manobras bruscas ou rápidas nas proximidades das baleias. Movimentos repentinos podem assustar os animais e colocar em risco a segurança tanto dos mamíferos quanto dos passageiros das embarcações;

4. Não perseguir a baleia: não é permitida a perseguição ao animal, bem como a aproximação do mesmo pela parte de trás;

5. Reduzir a velocidade e sempre manter o motor ligado: ao estar próximo de uma baleia, deve-se reduzir a velocidade da embarcação e manter o motor ligado, porém desengrenado; e

6. Evitar zonas de reprodução: os navegantes devem evitar navegar em áreas conhecidas como zonas de reprodução, como o Banco de Abrolhos, por exemplo, onde há uma concentração maior de baleias. Essas regiões são especialmente importantes para conservação da espécie e devem ser protegidas.

“O número crescente de baleias em nossa costa é um motivo a ser comemorado e cabe a nós aprendermos a conviver de forma sustentável com os animais em seu habitat. Respeitar essas diretrizes é fundamental para garantir a preservação e a segurança desses seres marinhos”, enfatiza o coordenador do Projeto Baleia Jubarte.

Assista ao vídeo:

youtube[https://www.youtube.com/embed/mL0o1B7f2kQ?rel=0&] 

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