O Navio-Veleiro (NVe) “Cisne Branco” regressou ao Rio de Janeiro (RJ) no final de outubro, concluindo mais uma edição da Comissão “Brasil”. Também conhecida como “Embaixada Brasileira no Mar”, em razão de suas funções diplomáticas e de relações-públicas, a embarcação esteve em 19 cidades, e somou mais de 145 mil visitantes de todas as idades, durante cerca de cinco meses de viagem. Nesse período, participou dos principais eventos náuticos nacionais e internacionais realizados em águas brasileiras.

A comissão, que teve por objetivo estimular a mentalidade marítima nacional, além de tornar conhecidas as tradições navais e os valores da Marinha do Brasil, foi dividida em duas etapas: a primeira, pelo litoral Sudeste e Sul e a segunda, pelo Sudeste, Nordeste e Norte. As visitas ao NVe “Cisne Branco” foram abertas à população em geral e incluiu, ainda, datas reservadas para públicos segmentados, com visitas guiadas para estudantes de escolas militares e civis e para integrantes da Força Naval e seus familiares.

Em algumas etapas da viagem, a embarcação foi utilizada para instrução, complementando a formação de alunos das quatro Escolas de Aprendizes de Marinheiros do Brasil — localizadas em Santa Catarina, Espírito Santo, Pernambuco e Ceará —, do Colégio Naval, da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante e do Centro de Instrução Almirante Brás de Aguiar; além de Aspirantes da Escola Naval, alguns dos quais tiveram seu primeiro contato prático com o mar.

O NVe “Cisne Branco” também marcou presença em eventos náuticos de grande porte, como a etapa Brasil da The Ocean Race — maior e mais difícil regata de volta ao mundo —, que aconteceu em Itajaí (SC); na 50ª Semana Internacional de Vela de Ilhabela — maior circuito de vela da América Latina —; e na 34ª Regata Recife–Fernando de Noronha (REFENO) — regata com o maior percurso em linha reta do País.

Ao longo desse período, o Navio da Marinha do Brasil não apenas fomentou a mentalidade marítima e viabilizou a instrução marinheira, mas teve a oportunidade de exercer a diplomacia naval, com troca de experiências entre sua tripulação e a dos navios veleiros de outras Marinhas, como o INSV “Tarini”, “Elcano”, “Capitán Miranda” e “Vespucci”, das Marinhas da Índia, Espanha, Uruguai e Itália, respectivamente.

“Por serem instrumentos de diplomacia naval por natureza, os navios veleiros são mantidos por muitas Marinhas para levarem sua bandeira mundo afora. É dentro desse contexto que o ‘Cisne Branco’ está inserido, mesmo tendo permanecido somente em território nacional durante a Comissão ‘Brasil 2023’. O contato com tripulações estrangeiras é excelente, não somente pela troca de experiências, mas para que as outras Marinhas conheçam nossa capacidade de operar e manter um veleiro desse porte, com uma tripulação totalmente nacional”, explica o comandante do Navio, Capitão de Mar e Guerra Sérgio Tadeu Leão Rosário.

Nestes dias 11 e 12 de novembro (sábado e domingo), o NVe “Cisne Branco” estará atracado no cais do Espaço Cultural da Marinha, no centro do Rio de Janeiro, onde estará aberto para receber os visitantes do Espaço, das 11h às 16h30, em comemoração ao 201º aniversário da Esquadra brasileira.

Navio-Veleiro “Cisne Branco”

O Navio-Veleiro “Cisne Branco” (U20) foi construído pelo estaleiro Damen Oranjewerf, em Amsterdã, nos Países Baixos. Foi incorporado à Armada em 9 de março de 2000, no Rio Tejo, em Portugal. A data e lugar não foram escolhidos ao acaso: nesse mesmo dia e desse mesmo local, 500 anos antes, o navegador português Pedro Álvares Cabral partia para o que viria a ser a viagem do descobrimento do Brasil.

O NVe “Cisne Branco” é a terceira embarcação da Força Naval brasileira a ostentar esse nome. A primeira foi um navio de madeira com 76 pés de comprimento e dois mastros, que realizou uma única viagem de instrução com Guardas-Marinha, em 1980. A segunda, foi um veleiro de 80 pés, com mastro e casco construídos em alumínio, que realizou seis viagens de instrução com Guardas-Marinha, entre 1981 e 1986.

Esse terceiro modelo é um navio de época, cujo projeto é inspirado nos desenhos de velozes veleiros da segunda metade do século XIX, os “clippers”— última geração de grandes veleiros que precedeu as embarcações com propulsão a vapor. O nome provém do verbo inglês “to clip”, que significa “cortar”, por serem hidrodinâmicos e velozes, diferentemente de seus antecessores.

Principais características

O navio é armado em galera, o que significa que cruza vergas em todos os mastros. As principais características são:
- comprimento total: 76 m (249 pés);
- boca: 10,5 m;
- calado: 4,8 m;
- deslocamento: 1.038 toneladas;
- altura do mastro do grande: 46,4 m (equivalente a um prédio de 15 andares);
- área vélica máxima: 2.195 m2;
- navio possui 25 velas: 15 redondas e 10 latinas;
- velocidade máxima a vela: 17,5 nós;
- propulsão: 1 motor diesel 1001 HP;
- tripulação máxima: 82 (52 militares da tripulação e 30 tripulantes em treinamento).

Galeria de Fotos

Conheça o Flickr

Comentar

O conteúdo deste campo é privado e não será exibido ao público.

Texto puro

  • Nenhuma tag HTML permitida.
  • Quebras de linhas e parágrafos são feitos automaticamente.
  • Endereços de página da web e endereços de e-mail se tornam links automaticamente.