Quando pensamos na Marinha do Brasil (MB), a imagem que vem à mente provavelmente é a de grandes navios e operações no mar, ou até mesmo de soldados em missões de combate. Porém, nos bastidores dessas operações, existe um grupo de profissionais que possui uma atuação primordial: são os médicos. Esses profissionais têm uma atuação multifacetada, que envolve desde cuidados médicos assistenciais em hospitais e clínicas até funções em alto-mar, missões de resgate e ajuda humanitária.

Atualmente, a MB conta com cerca de 1.500 médicos que, assim como os demais membros da Força, atuam na defesa do País, combinando a atividade médica com os valores militares.

Atuação em terra

Nos hospitais militares da Marinha, os médicos desempenham funções que se assemelham às de outras unidades de saúde, mas com uma particularidade: atender a população militar e seus dependentes. Com uma rede de 18 unidades de saúde distribuídas pelo País, incluindo o Hospital Naval Marcílio Dias (HNMD) no Rio de Janeiro ‒ um dos maiores complexos médicos do Brasil ‒, os profissionais de saúde da Marinha cobrem mais de 40 especialidades.

O Vice-Diretor do HNMD, Contra-Almirante (Médico) Kleber Coelho de Moraes Ricciardi, ressalta que o Marcílio Dias, proporciona aos profissionais de saúde a oportunidade de praticar a medicina em sua totalidade, com todas as nuances e especialidades contempladas de forma abrangente.

Além dos hospitais, esses médicos podem servir em outras Organizações Militares (OM) de terra, como Centros de Instrução, Batalhões e Bases, onde têm a responsabilidade de garantir a prontidão física e psicológica dos militares que ali atuam.

Prontos para agir

Os médicos são parte integrante das tripulações de navios e embarcações e estão prontos para agir em qualquer momento, não importa o cenário. Nos navios, são os primeiros a garantir que um problema de saúde seja identificado e tratado rapidamente. Desde um mal-estar simples até emergências, como lesões graves ou condições infecciosas, esses profissionais precisam agir com precisão, muitas vezes sem a ajuda imediata de outros especialistas.

“Garantir a saúde integral da nossa tripulação é vital para que possamos continuar entregando o nosso melhor, independente da missão que o navio precisar cumprir”, explica a Encarregada da Divisão de Saúde do Navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) “Atlântico”, Primeiro-Tenente (Médica) Ana Cláudia do Paço Baylão.

Mas cuidar da própria tripulação é apenas parte da missão. Eles também se dedicam ao atendimento de populações necessitadas, especialmente durante comissões nos Navios de Assistência Hospitalar (NasH), conhecidos como “Navios da Esperança”. Essas embarcações realizam atendimentos médicos, odontológicos, hospitalares e prestam suporte sanitário a comunidades ribeirinhas do Centro-Oeste e do Norte do Brasil.

Além desses navios especializados, grandes embarcações da Marinha, como o NAM “Atlântico” e o Navio Doca Multipropósito (NDM) “Bahia”, funcionam como verdadeiros hospitais flutuantes. Projetados para operações de guerra naval, esses navios são capazes de transportar tropas, veículos e suprimentos, mas também desempenham um papel em salvar vidas, oferecendo suporte médico e hospitalar em cenários de crise e áreas de difícil acesso.

A rotina dos médicos de bordo demanda uma preparação contínua, já que, muitas vezes, atuam em condições adversas e com recursos limitados. “Essa limitação nos leva à necessidade de manter um controle rigoroso dos estoques e de garantir o uso racional dos recursos, para que possamos atender tanto às necessidades diárias quanto às exigências das missões”, comenta a Primeiro-Tenente (Md) Cláudia Baylão.

Cuidando da nossa gente

Os militares da área da saúde podem atuar em missões de resgate e assistência humanitária, contribuindo tanto em operações militares quanto no suporte à população civil em momentos de crise. Essa é a Medicina Operativa, um campo especializado que se dedica a prestar assistência em cenários extremos, onde recursos humanos, materiais, suprimentos e até mesmo o tempo são frequentemente limitados, além de condições climáticas adversas.

Durante a Operação “Petrópolis”, em 2022, o Contra-Almirante Kleber Coelho de Moraes Ricciardi e sua equipe foram essenciais para atender a população de Petrópolis (RJ) afetada por enchentes e deslizamentos. “Permanecemos por 17 dias, provendo acolhimento e atendimento de saúde para toda a população. Assim, assistimos às pessoas que chegavam e eram trazidas ao Hospital de Campanha em diversas vertentes na saúde física e mental, realizando aproximadamente dois mil atendimentos”, recorda o Vice-Diretor do HNMD. Em situações como essa, os médicos trabalham para estabilizar pacientes e auxiliar na evacuação de áreas de risco.

A Tenente Cláudia Baylão acredita que, mesmo diante das dificuldades, o sentimento ao cumprir as missões é de satisfação. “Tive a oportunidade de atender pessoas extremamente necessitadas durante uma Ação Cívico-Social (ACiSo) em Fortaleza (CE). Foi um dia de grande realização pessoal e profissional”, relembra.

A responsável pelo setor de Auditoria em Saúde na Policlínica Naval de São Pedro da Aldeia (PNSPA), Primeiro-Tenente (Médica) Natália Martins Medella, atuou no atendimento a tripulantes em uma emergência aérea na qual houve a remoção dos feridos para o atendimento inicial e estabilização na PNSPA. “Nossa atuação foi muito bem conduzida e, sem dúvidas, foi fator decisivo para que hoje todos os envolvidos no acidente estejam de volta às suas atividades”, conta.

Além disso, os médicos da Marinha podem integrar o time de militares destacados para a Estação Antártica Comandante Ferraz, no continente gelado da Antártica. Nesse ambiente extremo e remoto, eles oferecem suporte médico às equipes de pesquisa e aos militares, enquanto colaboram com o Programa Antártico Brasileiro, que realiza estudos voltados para a fauna, flora e preservação do ambiente natural.

Uma carreira incomparável

Os médicos podem entrar na Força por meio do Concurso Público para o Corpo de Saúde da Marinha (CSM) ou pelo Processo Seletivo do Serviço Militar Voluntário (SMV), cujos editais estão previstos para o início do próximo ano. O edital deste ano foi publicado em março.

“A Marinha oferece ao médico algo que atualmente é extremamente difícil na carreira médica civil: a estabilidade e o plano de carreira”, explica a Primeiro-Tenente (Médica) Natália.

Para o Contra-Almirante Ricciardi, o que difere a carreira na Marinha da civil é o sentimento de pertencimento. “Pertencer a uma instituição como a Marinha, que possui um dos mais antigos Sistemas de Saúde do Brasil é, antes de tudo, um privilégio.”

Em suas palavras, a Marinha oferece aos médicos a oportunidade de vivenciar experiências únicas e construir uma carreira repleta de possibilidades, ao mesmo tempo em que também permite a continuidade em uma mesma atividade por muitos anos. O Almirante aconselha aos jovens médicos: “Aproveitem cada oportunidade que a Marinha proporciona e abracem todas as experiências, enfrentando com coragem os mares que vierem.”

Como Ingressar

Para ingressar no Corpo de Saúde da Marinha, é necessário ter menos de 36 anos e possuir graduação completa, além de, em alguns casos, título de especialista ou certificado de residência médica para as vagas regionais. Após a formação, os médicos começam como Oficiais no posto de Primeiro-Tenente e, com o tempo e o acúmulo de experiência, podem ser promovidos a patentes superiores, com a possibilidade de alcançar, ao longo de sua carreira, o posto de Vice-Almirante.

Já os médicos que optam pelo Serviço Militar Voluntário podem se inscrever até os 62 anos, com a possibilidade de renovação do vínculo por até oito anos.

Saiba mais sobre os concursos previstos para 2025 na Marinha, clicando aqui.

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Comentários

Maria Fernanda… (não verificado) Qui, 28/11/2024 - 23:11

O serviço médico da marinha do brasil é impecável

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