Após quatro meses levando assistência médica a comunidades isoladas da região amazônica, a Marinha do Brasil (MB) concluiu, nesta quarta-feira (21), a 25ª edição da Operação "Acre". Neste ano, a Operação atingiu a marca de 118 mil procedimentos de saúde realizados para a população indígena e ribeirinha que vive às margens do Rio Juruá, nos estados do Acre e do Amazonas.
A Operação "Acre" é realizada anualmente pelo Navio de Assistência Hospitalar “Doutor Montenegro”. O Comandante do 9º Distrito Naval, Vice-Almirante João Alberto de Araújo Lampert, destacou que, nesta edição, mais de 8 mil pessoas foram atendidas pelos serviços de saúde.
Nós ficamos muito felizes com a conclusão de mais uma edição da Operação 'Acre', porque conseguimos levar cidadania e assistência, tanto hospitalar quanto social, a essa população que vive nos confins do estado. É um sentimento de missão cumprida”, afirmou.
O Vice-Almirante Lampert também destacou que a missão integra as atividades subsidiárias da Marinha, que, além de empregar o Poder Naval na defesa da Pátria, também presta serviços à sociedade por meio das Ações de Assistência Hospitalar.
“O navio é conhecido pela população como ‘Navio da Esperança’, justamente porque nós levamos essa esperança, e somos muito bem recebidos quando chegamos nas comunidades. É a bandeira do Brasil tremulando e levando o Estado brasileiro a essa população, que recebe um atendimento de qualidade, nas áreas médica, odontológica, farmacêutica e de enfermagem.”

Resultados da 25ª Operação "Acre"
Ao longo dos 120 dias de comissão, iniciada em 21 de janeiro e encerrada em 21 de maio, a Operação "Acre" atendeu 8.445 pessoas em 47 localidades. Foram distribuídos 332.716 medicamentos e 11.819 kits odontológicos, além da realização de 656 intervenções cirúrgicas a bordo do navio.
No total, foram realizados 118.627 procedimentos de saúde, incluindo serviços odontológicos — como consultas, extrações, limpezas e obturações —, além de atendimentos de enfermagem, como aferição de pressão arterial, exames de glicemia e testes rápidos para Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Também foram oferecidas consultas médicas, exames clínicos e laboratoriais, mamografias, raio-x, ultrassom, pré-natal e palestras educativas.

Este ano, é importante destacar a parceria com a ONG Américas Amigas, que contribuiu para que o navio alcançasse a marca de mais de mil mamografias realizadas com laudo durante a Operação. Pela primeira vez, também realizamos biópsias a bordo. Parabéns a todos por mais uma missão bem-sucedida e pelos quatro meses dedicados ao cuidado de nossa gente”, afirmou o Comandante da Flotilha do Amazonas, Capitão de Mar e Guerra Sandir Antônio de Freitas D’Almeida.
Também pela primeira vez, mulheres da etnia Ashaninka, da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, tiveram acesso a exames de mamografia diretamente em sua região, sem a necessidade de deslocamento até Rio Branco — viagem que costuma ser longa e exaustiva. Durante sua passagem pelo município de Marechal Thaumaturgo (AC), o navio facilitou o acesso a serviços de saúde para as comunidades locais.

Reencontro emocionante marca o fim da missão
O NAsH “Doutor Montenegro” conduziu a 25ª Operação "Acre" com uma tripulação de 78 militares, incluindo uma equipe de saúde formada por médicos, cirurgiões-dentistas, farmacêuticos bioquímicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, técnicos em radiologia médica, técnicos em higiene dental e técnico laboratorial.
Na manhã de quarta-feira (21), o navio atracou no cais da Estação Naval do Rio Negro, em Manaus (AM), onde a tripulação foi recebida por familiares e amigos. O reencontro foi marcado por emoção e celebração.

O Segundo-Tenente (Cirurgião-Dentista) Ismael Ribeiro realizou o sonho de ingressar na Marinha do Brasil em 2024 e afirmou que participar da Operação "Acre" lhe trouxe grandes aprendizados e realização pessoal. “Sou natural de Manaus e sempre sonhei em atender o povo da Amazônia, o povo ribeirinho. É um sentimento de dever cumprido por servir à minha Pátria, servir ao povo brasileiro e levar saúde para quem mais precisa. Estou muito feliz em voltar para casa, reencontrar minha família e, agora, é só esperar a próxima missão”, declarou.
Quem recepcionou o Tenente Ribeiro foi sua mãe, Naira Cristina de Miranda. “Estou extremamente feliz com a chegada do meu filho. A saudade foi constante, mas saber que ele está realizando um sonho de criança, fazendo o que ama e atendendo pessoas que precisam, me enche de orgulho”, afirmou.
A Terceiro-Sargento (Enfermeira) Raquel Sambrana Vogt também integrou a equipe de saúde da Operação. “Para mim, foi uma honra participar dessa comissão tão gratificante. É uma sensação maravilhosa ter ajudado tantas pessoas em regiões tão isoladas, onde só quem chega é a Marinha. Estamos sempre prontos para cuidar e ajudar”, afirmou.
O Terceiro-Sargento (Motores) Emerson Olimpo foi recepcionado por sua esposa e suas filhas. “A Operação 'Acre' é uma missão humanitária que ajuda muitas pessoas. Pude acompanhar de perto e perceber o quanto essas comunidades realmente necessitam, e como foi especial para elas receber as equipes da Marinha. Esses 120 dias foram desafiadores, embora muito gratificantes para mim. Mas sei que tenho minha família me esperando, que é meu elo mais forte, e dei o meu melhor por elas”, declarou.

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