Data histórica e mundial, o Dia da Vitória teve o seu 80º aniversário celebrado diante do Monumento Nacional em Homenagem aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro (RJ).
A solenidade foi presidida pelo Ministro da Defesa, José Mucio Monteiro Filho, e contou com a presença do Comandante da Marinha, do Almirantado, do Comandante do Exército, do Diretor-Geral do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), representando o Comandante da Aeronáutica, ex-combatentes das três Forças Armadas, veteranos, além de outras autoridades militares e civis que foram agraciadas com a “Medalha da Vitória”.

Criada pelo Decreto nº 5.023, de 23 de março de 2004, a distinta comenda é um símbolo de reconhecimento aos heróis do passado e ex-combatentes e destina-se a agraciar militares das Forças Armadas, civis nacionais, militares e civis estrangeiros, policiais e bombeiros militares, organizações militares e instituições civis nacionais ou estrangeiras, que tenham contribuído para a difusão dos feitos dos ex-combatentes durante a Segunda Guerra Mundial, participado de conflitos internacionais na defesa dos interesses do País, integrado missões de paz, prestado serviços relevantes ou apoiado o Ministério da Defesa no cumprimento de suas missões constitucionais.
Entre os agraciados, estava o Primeiro-Tenente (Submarinista) José Osório de Oliveira Filho, veterano que ingressou na Marinha em 1941, através da Escola de Marinheiros Baptista das Neves, em Angra dos Reis (RJ), atual sede do Colégio Naval. Antes dessa medalha, ele já havia recebido outra honraria pelos serviços de guerra, por ter atuado na proteção de navios mercantes na costa do Brasil, a bordo do Encouraçado “São Paulo”.
Apesar da idade, o veterano José Osório ainda lembra do passado e comemora a honraria: “Vivi momentos muito difíceis durante a guerra, mas estou muito feliz por estar vivo, poder participar dessa homenagem e ser lembrado."
O filho do ex-combatente de guerra também presenciou a condecoração. Emocionado, agradeceu o reconhecimento aos feitos do pai, que no dia 20 de maio completa 102 anos de vida.
“Uma honra muito grande poder estar aqui com o meu pai. Ele representa os jovens combatentes de 1940 que deram a sua vida pela Pátria, sendo que ele é um desses que sobreviveu a tudo isso e hoje está aqui participando dessa cerimônia. Obrigado à Marinha por esse momento ímpar nas nossas vidas."

A solenidade também contou com outros momentos marcantes, como uma aposição da coroa de flores, uma salva de quinze tiros, executada do convés do Aviso de Patrulha “Anequim”, e toques de alvorada e vitória. O evento contou, ainda, com o salto de precisão de paraquedistas do Exército Brasileiro, o desfile das aeronaves da Força Aérea Brasileira, tendo seu momento mais emocionante durante a tradicional apresentação da Banda Marcial do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), abrilhantando o encerramento do evento.
Para o Ministro da Defesa José Mucio, a celebração significa, sobretudo, “reconhecer o esforço de superação, bem como a genialidade e a determinação do povo brasileiro em fazer prevalecer a paz mediante a coragem e o sacrifício de seus bravos militares. É um ato de respeito à nossa história, à participação brasileira nesse conflito ora rememorado”, afirmou.

As marcas da guerra
Entre as lembranças mais difíceis da guerra, estão aquelas que vieram das águas. Historiador da Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, o Primeiro-Sargento (Armamentista) Robert Wagner Porto da Silva Castro, faz questão de relembrar o que, de fato, a Segunda Guerra Mundial deixou e a necessidade de se enaltecer a Marinha do Brasil.
“Foi no mar a maioria absoluta das vidas perdidas de brasileiros: em torno de 1.456 mortos. Foram militares mortos nos três navios da Marinha de guerra que naufragaram no contexto do conflito, o Cruzador 'Bahia', o Auxiliar 'Vital de Oliveira', além da Corveta 'Camaquã'. Diante do quadro de tantas perdas brasileiras no mar, por que a memória sobre a participação do Brasil no conflito está muito associada às ações no teatro de operações europeu e afastada da intensa atuação da Marinha do Brasil nas águas do Atlântico Sul?”
Já o professor-doutor Luiz Cruz, referência em história da Segunda Guerra Mundial, garante que “é importante ressaltar esse passado porque a gente aprende uma outra Segunda Guerra Mundial. Em um conflito, nem todas as informações podem ser ditas. Então, muitos navios foram atacados, não só em Sergipe e na Bahia. Nós temos histórias de guerra do Amapá ao Rio Grande do Sul também."
Ainda segundo Luiz Cruz, falar sobre o assunto ajuda a elucidar a ideia de que esse contexto faz parte da história de todos. “Quando a gente para e pensa nos naufrágios, nos sobreviventes e nos destroços, a gente começa a perceber que nós somos parte da história da Segunda Guerra Mundial por causa da ótica da história naval.”
A grande vitória
O Dia da Vitória se refere ao dia 8 de maio de 1945, quando, após quase seis anos de confronto durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), foi oficializada a rendição alemã.
Trata-se do maior e mais devastador conflito da história moderna, envolvendo mais de 60 países e resultando em torno de 50 e 70 milhões de mortes. Ao todo, a guerra vitimou mais de mil brasileiros no mar, entre civis e militares. O fim do combate redesenhou o mapa geopolítico e resultou na criação da ONU, com o objetivo de evitar novos confrontos globais.
Considerado um marco na cronologia da humanidade, o Dia da Vitória também é reafirmado todos os anos com cerimônias realizadas pelas Forças Armadas, em homenagem à memória e ao heroísmo dos brasileiros que lutaram e venceram, preservando os ideais de liberdade nos campos de batalha.
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