Pela primeira vez na história um pelotão de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (MB) participará da Operação "Catamaran", uma exercício multinacional chefiado pela França e conduzido por países membros da OTAN. O embarque do pelotão se dará hoje (20). De forma inédita, o Brasil estará presente nesse treinamento no Atlântico Norte, que se estende até 18 de junho, ao lado de países como Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido, Itália, Holanda e Espanha. O convite para a operação partiu da França, país com o qual o Brasil ostenta uma parceria estratégica desde 2008, quando começou o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB).

Segundo o Capitão de Corveta (Fuzileiro Naval) Alves Campos, que irá atuar no Estado-Maior da Força de Desembarque e está na França desde ontem (19), a inserção da Marinha do Brasil em ambientes desafiadores é sempre um marco. “Operar junto com marinhas de primeiro mundo e poder trabalhar nesses ambientes diferenciados é sempre uma ótima oportunidade para o preparo dos nossos militares. Eu participei do Exercício de Planejamento 'Narval', no qual planejamos essa missão. Por isso, vim e embarquei antes do restante do pelotão”, explica.

Conforme o Comandante do Pelotão, Segundo-Tenente (Fuzileiro Naval) Vinícius Saldanha, dos 13 militares que irão para operação, três são Oficiais — dois que irão integrar os Estados-Maiores (um o do Batalhão e o outro, o da Força de Desembarque, que já está em solo francês), além dele mesmo — e 10 Praças.

“Todos os militares que compõem o pelotão foram selecionados por mérito dentro de suas companhias, em condições de igualdade, sem distinção de sexo. A militar do sexo feminino irá para a missão por ter se destacado na sua companhia enquanto militar. Nós não separamos nenhum tipo de cota para a missão, foram escolhidos realmente os melhores”, explicou.

O pelotão vem se preparando desde o final de março, tendo recebido todas as instruções em conjunto, a fim de criar uma maior proximidade e coesão entre os militares, o que inclui treinamentos e palestras. “Eles receberam preparo tanto na parte física, quanto na parte cultural, psicossocial e intelectual, a fim de que estejam preparados para entender como funciona um país diferente e estarem aptos a lidar com as mais diversas culturas. É muito bom trabalhar com militares tão preparados, que demonstram um grau elevado de capacidade operativa, sendo pessoas extremamente focadas, dedicadas e prontas para tudo”, disse.

Para a Soldado (Fuzileiro Naval) Camila Aguiar, que será a representante feminina da tropa, essa é uma experiência única. 

É uma honra e uma responsabilidade muito grande poder representar o CFN em uma missão internacional, ainda mais sendo escolhida entre tantas bravas combatentes da primeira turma de mulheres Soldados Fuzileiros Navais”, afirmou.


Os combatentes chegam no dia 21 em Paris e seguem para a cidade de Le Mans, onde serão integrados ao Segundo Regimento de Infantaria de Marinha, receberão equipamentos e serão treinados durante dois dias. Depois, no dia 23, irão embarcar na cidade de Tonnerre. Está prevista, inicialmente, uma escala na Irlanda, uma no Sul da Inglaterra e um treinamento na mesma região. Em seguida, o pelotão brasileiro, juntamente com os demais membros dos vários países integrados ao regimento francês, embarcará novamente em direção ao Oeste da Inglaterra, quando terá início a operação propriamente dita.

Vale ressaltar que a participação do destacamento brasileiro foi precedida por um período de planejamento conjunto com as nações participantes, marcado por intensa troca de conhecimentos e experiências. O envolvimento no Exercício "Narval", etapa preparatória da Operação "Catamaran" realizada na França, foi fundamental para alinhar procedimentos, fortalecer a interoperabilidade e consolidar a integração do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) da Marinha do Brasil com as demais forças envolvidas.

Mais do que um exercício, a participação na Operação "Catamaran" simboliza a inserção estratégica do Brasil em ambientes operacionais cada vez mais desafiadores. Para o CFN, trata-se de um marco que reforça seu papel como força de pronto emprego, de caráter expedicionário, capaz de projetar poder e operar integrado a forças multinacionais em cenários de alta complexidade.

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