O Centro de Operações de Paz e Humanitárias de Caráter Naval (COpPazNav), da Marinha do Brasil (MB), entrou em uma nova fase ao ser ativado como Organização Militar (OM) autônoma, ampliando sua capacidade de preparar militares para missões de paz no exterior. A mudança representa um marco estratégico para as Forças Armadas brasileiras e fortalece a presença internacional da Marinha.

De acordo com o Capitão de Mar e Guerra (Fuzileiro Naval) Adler Cardoso Ferreira, Diretor do COpPazNav, a unidade passa a dispor de maior autonomia para firmar parcerias e ampliar sua atuação. “A ativação do COpPazNav como organização militar confere ao Centro maior capacidade de articulação com organismos internacionais, órgãos governamentais, organizações não governamentais e instituições acadêmicas”, destacou o Diretor. Ele acrescenta que a nova condição amplia o alcance das atividades desenvolvidas, aprimora a qualidade do treinamento oferecido e contribui para a projeção da Marinha do Brasil nas áreas de operações com emprego limitado da força, como missões de paz, além de ações humanitárias.

Cursos e certificações

O COpPazNav oferece diversos cursos voltados à capacitação para atuação em missões de paz das Nações Unidas. Entre eles, destacam-se o Curso de Observadores Militares da ONU, o Curso de Oficiais de Estado-Maior da ONU, o Curso de Pelotão de Engajamento e o Curso de Força-Tarefa Marítima.

Destaca-se, ainda, o Estágio de Qualificação Técnica em Operações de Paz para Mulheres, realizado anualmente em português e inglês. Desde 2018, a iniciativa contribui para os objetivos da Resolução 1325 do Conselho de Segurança da ONU, que trata da Agenda Mulher, Paz e Segurança. “Nosso objetivo é ampliar a participação feminina nas operações de paz, promovendo maior equidade de gênero”, ressalta o Diretor do Centro.

Em sua edição anterior, realizada em inglês, o curso registrou participação recorde, com 80 alunas, das quais 50 eram estrangeiras, oriundas de 37 países, e duas instrutoras internacionais, uma delas oficial do Escritório de Assuntos Militares das Nações Unidas, sediado em Nova Iorque.  

O reconhecimento da ONU também se reflete em certificações. Três cursos do Centro receberam o reconhecimento de treinamento (“Training Recognition”) do Serviço de Treinamento Integrado das Nações Unidas: Força-Tarefa Marítima, Unidade Militar Ribeirinha e Oficiais de Inteligência Militar em Operações de Paz. O Brasil é o único País com os dois primeiros cursos certificados pela ONU e compartilha o terceiro reconhecimento somente com o centro de operações de paz do Quênia.

A oferta de cursos voltados à sociedade civil também é uma característica marcante do Centro. Entre os exemplos estão o Estágio de Jornalistas em Área de Combate e o Estágio para Mulheres, que reúne alunas de diferentes áreas, incluindo militares e universitárias de graduação e pós-graduação. O Diretor do COpPazNav destacou que a ativação como OM proporciona melhores condições para avaliar e implementar novos cursos abertos ao público civil, especialmente na área humanitária.

O Centro capacita tanto unidades constituídas quanto militares que se voluntariam para posições individuais em missões de paz. Também atua de forma relevante na esfera acadêmica, promovendo eventos internacionais com a participação de especialistas, autoridades civis e militares. Em julho, sediará o 1º Seminário Internacional de Operações Humanitárias do Programa PRÓ-DEFESA, reunindo representantes da ONU, organizações humanitárias, universidades e órgãos de defesa civil.

A nova estrutura fortalece a capacidade da organização de responder a crises humanitárias e desastres naturais. Com a ampliação da infraestrutura e dos recursos internos, será possível oferecer mais treinamentos e alcançar públicos diversos, com ênfase nas ações de cunho humanitário.

Desafios futuros

Nesta nova fase, o COpPazNav avança na consolidação de sua atuação como referência na preparação para operações de paz e humanitárias. A estratégia inclui o fortalecimento das vertentes operacionais do Corpo de Fuzileiros Navais — anfíbia, ribeirinha, litorânea e de proteção. Está previsto o lançamento de novos cursos voltados à capacitação de militares para atuação nos Batalhões de Operações Litorâneas, reforçando a integração entre segurança marítima e os objetivos das missões de paz da ONU.

Paralelamente, o Centro também se prepara para enfrentar os crescentes desafios dos cenários contemporâneos de conflito e desastres naturais. O foco está na capacitação contínua do pessoal, na análise de contextos geopolíticos e humanitários em constante evolução, e na adaptação dos treinamentos às novas realidades operacionais, marcadas por mudanças climáticas, crises migratórias e pelo uso de tecnologias emergentes em conflitos.

“Preparar militares da nossa Marinha, de outras Forças e civis para integrar missões de paz e humanitárias é o cerne de nossa existência”, concluiu o Capitão de Mar e Guerra Adler.