A Marinha do Brasil (MB) tem sido, para muitos brasileiros, oportunidade de transformação social e profissional. Em suas fileiras, homens e mulheres de diferentes origens encontram não apenas uma carreira, mas a possibilidade de contribuir com o País em novas perspectivas de vida.

A trajetória de Ricardo de Sousa Cavalcante, 28 anos, Segundo-Tenente (Temporário – Médico) da MB, é marcada por esforço e perseverança. Nascido em Macapá (AP), o sexto de sete filhos cresceu em uma família de poucos recursos, sustentada pelo trabalho diário dos pais.

Seus pais, Aristides, natural do Piauí, e Antônia, de Lago da Pedra (MA), conheceram-se no interior do Maranhão e migraram para o Norte do País em busca de melhores condições de vida. Ele, sem ter frequentado a escola, e ela, com estudos até a 5ª série, sustentaram a família com a produção e comercialização de salgados. Desde criança, Ricardo auxiliava no trabalho com o carrinho de lanches, atuando no Porto de Santana e, aos sábados, em feiras, onde oferecia pastéis, coxinhas, suco de maracujá e caldo de cana.

Ricardo estudou em escolas públicas, em condições de recursos limitados. “Muitas vezes meu pai saía de manhã para vender sem saber se traria o almoço para a família”, recorda o Tenente Cavalcante. Ainda assim, os pais incentivavam os filhos a estudar, sem abrir mão da importância do trabalho. O pai, que havia enfrentado a fome e a dureza da roça no Nordeste, costumava dizer: “Nunca vou impedir que vocês estudem, mas vocês precisam trabalhar para comer.”

A maior dificuldade era a falta de recursos financeiros. Sempre viveu com muito pouco e, quando precisava de materiais como livros ou cadernos, era difícil obtê-los. Além disso, cresceu em um lar sem referências acadêmicas — não havia livros nem exemplos próximos de quem tivesse seguido carreira universitária. Nesse contexto, conquistar uma vaga em universidade pública parecia um objetivo distante, sobretudo no curso mais concorrido do País: Medicina.

Mesmo diante das dificuldades próprias de um aluno de escola pública, manteve-se focado no objetivo e frequentou durante três anos um cursinho pré-vestibular. Em diversas ocasiões, sua mãe precisou recorrer a empréstimos para custear transporte ou alimentação. “Vi minha mãe chorar por não saber como continuar me ajudando”, recorda o Tenente Cavalcante.

Em 2018, seu esforço resultou na aprovação em Medicina na Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), na Universidade Federal do Pará (UFPA) e na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Optou pela UNIFAP, decisão que lhe permitiu permanecer próximo à família e reconhecer o apoio recebido ao longo de sua trajetória.

A rotina universitária foi marcada por intensidade: durante a semana, conciliava aulas e plantões, e aos sábados dedicava-se à venda de lanches na feira. No carrinho da família, entre um atendimento e outro, aproveitava para revisar capítulos de cardiologia. “Era motivo de orgulho continuar ajudando meu pai mesmo cursando Medicina”, afirma o Tenente Cavalcante.

Após a formatura, manteve o desejo antigo de servir ao Brasil por meio da Marinha. 

“O uniforme branco, o macacão azul, a rotina de disciplina e a marcha dos militares sempre chamaram minha atenção. Além disso, eu brincava em frente à Capitania dos Portos, próxima à minha casa, e tinha curiosidade em saber quem eram aqueles homens de uniforme branco”, declarou o Tenente Cavalcante.

Com determinação e admiração pela Marinha, preparou-se para o concurso da Força e foi aprovado no Serviço Militar Obrigatório para Médicos. Designado para Belém (PA), permaneceu na Base Naval de Val de Cães, onde frequentou a Escola de Formação de Reservistas Navais, sob a coordenação do Capitão-Tenente Coelho. “Foi um período ímpar, com cada aprendizado, cada campanha e cada treinamento. Fui muito bem acolhido pela Marinha e pelos instrutores do 2º Batalhão de Operações Ribeirinhas. Ingressei como civil e me tornei militar da invicta Marinha de Tamandaré”, relembra o Tenente Cavalcante.

Após o curso de formação, foi designado como Guarda-Marinha para a Capitania dos Portos do Amapá, sob o comando do Capitão de Fragata Daniel Thomaz Moraes. “Nosso comandante vem me ensinando sobre a Força e orienta diariamente quanto ao compromisso e ao amor à Marinha, estimulando sempre o melhor de mim. Sou grato por isso”, afirmou o Tenente Cavalcante. Recentemente, foi promovido a Segundo-Tenente, consolidando valores que o acompanharam ao longo da trajetória: coragem, disciplina e dedicação.

De acordo com o Segundo-Tenente Cavalcante, vestir a farda da Marinha e o jaleco de médico representa a concretização de dois objetivos pessoais. Em sua mensagem aos jovens, afirmou: “Não importa de onde você veio, trabalhe duro, mantenha o foco, busque sabedoria em Deus e não desanime diante das dificuldades. Pode ser que pareça impossível, mas é apenas o começo para quem decide não desistir. Como disse o Almirante Barroso: ‘Sustentar o fogo que a vitória é nossa’.”

A trajetória do Segundo-Tenente Cavalcante inspira não apenas pela conquista profissional, mas por demonstrar que a origem não determina o destino. Ao ingressar na Marinha, encontrou não apenas uma carreira, mas também um propósito. Com o apoio da Força, segue construindo um projeto de vida em que servir ao Brasil representa superação, reconhecimento e orgulho familiar.


Vem Pra Marinha

A MB oferece diversas oportunidades de ingresso na carreira naval, por meio de concursos públicos e processos seletivos destinados a candidatos de ambos os sexos, com escolaridade de nível fundamental, médio, médio técnico e superior. A idade mínima para participação é de 15 anos e a máxima de 62 anos, abrangendo tanto jovens em início de trajetória quanto profissionais já experientes.

Para atuar como médico na Marinha do Brasil, existem diferentes formas de ingresso: pelo Serviço Militar Obrigatório (SMO), como Oficial Temporário da Reserva de 2ª Classe (RM2) ou por meio do concurso para carreira no Corpo de Saúde da Marinha (CSM-MD). Neste último, os principais requisitos são: ter mais de 18 e menos de 35 anos até 30 de junho do ano de realização do curso e possuir diploma de graduação em Medicina.

Mais informações podem ser obtidas no portal da Agência Marinha de Notícias, no site de concursos da Força ou nos perfis oficiais da Marinha nas redes sociais
Vem para a Marinha!

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Comentários

Daniel Araújo … (não verificado) Seg, 25/08/2025 - 11:09

Quero entra na marinha na verdade quero uma oportunidade

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