Devido à sua complexidade, atividades de mergulho demandam pessoal altamente capacitado e uma estrutura de apoio com equipamentos adequados. Os mergulhadores da Marinha do Brasil (MB) são empregados em operações sensíveis, como a busca pelas vítimas do desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga as cidades de Estreito, no Maranhão, e Aguiarnópolis, no Tocantins, ocorrido em 22 de dezembro de 2024.
Segundo o Chefe do Destacamento de mergulhadores, Capitão de Mar e Guerra Albino Manoel Borges Santos, o cenário encontrado pela equipe no Rio Tocantins impôs o uso de duas técnicas: o mergulho autônomo e o mergulho a ar dependente. Enquanto a primeira é utilizada para, inicialmente, identificar e marcar os pontos de interesse, a técnica do mergulho a ar dependente permite que, ao serem localizados os referidos pontos de interesse, a área seja explorada. Isso acontece porque essa modalidade possibilita que o mergulhador permaneça mais tempo em profundidade, potencializando as buscas.
“O mergulho a ar dependente conta com uma série de aparatos próprios, destinados a essa técnica. Por exemplo, a tradicional máscara é substituída por capacete. Com ele, o mergulhador consegue receber o ar que vem da superfície”, detalha o Capitão de Mar e Guerra Albino.

Para o mergulho a ar dependente, é designado um mergulhador principal – também conhecido como “vermelho” – para fazer o trabalho. Além dele, há o chamado mergulhador “amarelo”, responsável pela segurança do principal, caso haja alguma intercorrência embaixo d’água, e, ainda, um terceiro mergulhador, o “verde”, que atua como reserva do resgatista.
Para o Capitão de Mar e Guerra Albino, na operação no Rio Tocantins, em que as profundidades chegam a superar os 40 metros, as maiores dificuldades dizem respeito aos destroços, como cabos de aço, material de alvenaria, concreto e os próprios veículos encontrados. Para atuar em cenários de tamanha exigência, os mergulhadores da MB passam por um rigoroso treinamento durante sua formação no Centro de Instrução e Adestramento Almirante Átilla Monteiro Aché (CIAMA), no Rio de Janeiro (RJ).

Câmara hiperbárica: equipamento vital à segurança dos mergulhadores
A equipe de saúde especializada é parte da estrutura essencial às operações de mergulho, a fim de que qualquer evento adverso seja imediatamente tratado. Por ser uma área de atuação com muitas particularidades, na MB há tanto médicos quanto enfermeiros aptos a trabalhar com a câmara hiperbárica, um dos equipamentos fundamentais nesse contexto.
“A câmara hiperbárica serve para fazer o tratamento dos mergulhadores acidentados. Ela é composta de uma antecâmara e uma câmara, e comporta até três militares. É possível entrarmos nela para atender a vítima”, afirma o Capitão de Corveta (Médico) Felipe Silva Rampazzo, também presente na missão de resgate às vítimas do desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, assim como mais um médico e dois enfermeiros hiperbáricos.
Na ação, o posicionamento da câmara em terra foi concebido para, em caso de necessidade, o mergulhador ser conduzido a ela em até 7 minutos, podendo ali permanecer de três a cinco horas, a depender do tratamento que vá ser administrado.

“Nós usamos a câmara para proporcionar um ambiente mais próximo àquele da profundidade em que o mergulhador estava, de atmosfera maior do que a natural. Isso minimiza as lesões. Conseguimos administrar oxigênio para acelerar a saída de nitrogênio residual do organismo e, assim, evitar lesões mais graves”, detalha o Capitão de Corveta Rampazzo.
Um dos acidentes mais comuns em operações de mergulho é a chamada doença descompressiva, causada justamente pelo acúmulo de nitrogênio durante o tempo passado submerso – por isso, há a necessidade do fiel cumprimento das tabelas de descompressão. Essa doença pode afetar o sistema neurológico, bem como lesionar diversos tecidos do organismo. Quanto mais tempo o mergulhador passa em grandes profundidades, mais chances de acontecer uma doença descompressiva, e a câmara hiperbárica permite reduzir e estabilizar a presença de gases, oferecendo o tratamento adequado.

Prontidão da Marinha do Brasil
Desde o dia 22 de dezembro, equipes da MB atuam no local do desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira. A equipe de mergulho chegou já na segunda-feira (23). No decorrer dos dias, chegaram à cena mais militares e meios, como o helicóptero UH-15 (Super Cougar), embarcações e viaturas, entre outros.
Nas ações de busca e resgate, além da Marinha, atuam outras entidades do Poder Público, como os Corpos de Bombeiros do Maranhão, do Tocantins, do Pará, do Distrito Federal e São Paulo, e empresas privadas.
Comentários
Parabéns à esses mergulhadores, bravos heróis. Porém deixo minha indignação para aqueles que dizem que militares não fazem nada! BZ.
BRAVO ZULU!
Nossos profissionais são treinados à exaustão.
E estão super capacitados para o desempenho da missão.
Quer privilégio?
Bem prá Marinha.
Parabéns à todos que estão envolvidos nessa nobre missão pela sociedade brasileira!!!
Um Parabéns especial para os Mergulhadores da Marinha do Brasil que com muito profissionalismo e dedicação dioturnamente realizam esses difíceis trabalhos,colocando suas vidas em risco em prol de outros...
"SÃO VERDADEIROS HOMENS DE HONRA!!!"
Presenciamos o profissionalismo e amor pelos brasileiros no RS, intensamente!! Agora, novamente vemos nossos militares super dedicados !! Obrigada, FAs, bombeiros e outros profissionais envolvidos! Brasil !!
Os militares são Instituições de Estado e, sempre que são convocados, cumprem a sua missão com esmero.
Mas, mesmo assim, alguns ainda os tratam como se fossem cidadãos de terceira classe.
Esse é o papel da MB, dentre as centenas de missões realizadas, que muita das vezes a população não toma conhecimento, e que algumas pessoas, imprensas maldosas... dizem que as FA não servem para nada. As FA estão dioturnamente em adestramento/treinamento, para, quando chamadas para o combate, resgate, ou ação social poder mostrar o seu VALOR. Parabéns à esses bravos e corajosos mergulhadores e a todos os bombeiros e civis envolvidos. BRAVO ZULO
Quando mais se precisa, mais se pode contar com o trabalho valoroso de nossos homens. Isso é Marinha; Isso é Brasil.
Parabéns a todos os envolvidos nessa tarefa árdua, porém, extremamente necessária, para resgate de vidas humanas e de materiais. Aproveito para deixar registrado o meu repúdio aos responsáveis, que poderiam evitar essa tragédia (infelizmente) antecipada.
Comentar