Defender as chamadas infraestruturas críticas – usinas nucleares e hidrelétricas, além de centros de telecomunicação – de ataques virtuais tem sido, no mundo, tão importante quanto se preparar para qualquer conflito armado. Antes mesmo de um disparo ser efetuado, as Forças Armadas, o governo e as instituições públicas e privadas devem se preparar para batalhas cibernéticas, onde ações maliciosas podem fragilizar um País.
Ao visitar a sede da Escola Superior de Defesa, em Brasília (DF), nesta quinta-feira (17), e participar do Exercício Guardião Cibernético 6.0, a maior simulação de proteção cibernética de infraestruturas críticas do Hemisfério Sul, o Ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, afirmou que deve haver a ampliação dos investimentos no setor de segurança digital, inclusive para replicar com frequência esse tipo de jogo de guerra. O Ministro estava acompanhado do Comandante da Marinha do Brasil, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, e oficiais generais do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira.
“Hoje lutamos contra adversários invisíveis. Veremos através de um computador os danos causados, sem que apareça ninguém para que você o enxergue. Esse vai ser o desafio do futuro, nós vamos lutar contra inimigos e não vamos vê-los. Acho o exercício importantíssimo, quero incentivar esse trabalho. Os organizadores estão de parabéns pelo excelente trabalho que estão fazendo nas três Forças e é fundamental que invistamos mais nisso”, reiterou o Ministro da Defesa.
Na corrida em busca da independência na cibersegurança, o Brasil tem feito sua parte. Desde 2010, o País conta com o Centro de Defesa Cibernética, embrião do atual Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber), no âmbito do Ministério da Defesa e sob coordenação do Exército Brasileiro. E neste ano, a Marinha do Brasil criou um Esquadrão de Guerra Cibernética, subordinado ao Comando Naval de Operações Especiais.
Conforme divulgado pela Agência Marinha de Notícias em julho, a nova organização já está em fase de implementação e ampliará a capacidade de pronta resposta a ameaças no domínio cibernético dos sistemas de navios, viaturas e aeronaves, cada vez mais automatizados.
“Em 2023, o Brasil foi o País mais visado para hackers na América Latina e o quarto no mundo, sendo alvo de 4,8% dos ataques. Muitas destas ameaças provêm de criminosos, entretanto há indícios de que ações cibernéticas veladas de origem estatal podem estar em cena, caracterizadas, principalmente, como sabotagem digital”, alerta o Comandante Naval de Operações Especiais, Contra-Almirante (Fuzileiro Naval) Luís Manuel de Campos Mello.
Cada vez mais abrangente
O Exercício Guardião Cibernético 6.0 acontece de 14 a 18 de outubro sob coordenação do ComDCiber, um Comando Operacional Conjunto permanentemente ativado e com capacidade interagências na estrutura do Exército Brasileiro, e composto por militares da Marinha do Brasil e da Força Aérea Brasileira. Ocorrendo ao mesmo tempo, na Escola Superior de Defesa, em Brasília (DF), e no Comando da 2ª Divisão de Exército, em São Paulo (SP), ele prevê atividades que simulam um ambiente realista de ataque e proteção virtual a estruturas críticas de energia (incluindo o setor nuclear), águas, finanças, defesa, transporte, biossegurança e bioproteção, governo digital e de comunicações.
São simulados gabinetes de crise com participação de profissionais das áreas jurídica, de comunicação social e tecnologia da informação, além de outros setores-chave para a economia e soberania dos países. Uma atividade interessante é: participantes de um blue team (time azul) são colocados em uma situação em que têm que defender infraestruturas críticas de ataques lançados por um red team (time vermelho) da organização do evento.
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