O Suboficial (Fuzileiro Naval da reserva) e árbitro de futebol Marcelo de Lima Henrique encerrará sua trajetória nos gramados no próximo domingo (18/05), após atuar em 1.055 partidas e tornar-se o árbitro mais longevo do Brasil em atividade, aos 53 anos. A última partida será entre Red Bull Bragantino e Palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro. Após a aposentadoria dos campos, Marcelo continuará atuando no quadro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) como árbitro de vídeo (VAR), a partir de segunda-feira (19).

O árbitro ingressou nos Fuzileiros Navais em 1988, permanecendo na ativa até 2018, quando passou para a reserva. É graduado em Educação Física e possui pós-graduação em Gestão Esportiva, Liderança de Equipes de Alta Performance e MBA em Gestão de Pessoas, Compliance e Gestão de Riscos. É casado com Sandra Gomes Henrique desde 1993 e tem três filhos.

“Eu entrei em 1988 para os Fuzileiros Navais e fui para o Batalhão de Engenharia. Lá me apaixonei pelas armas e pelos explosivos. Servi lá por muitos anos. Depois fui para o CEFAN (Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes) em virtude dos Jogos Mundiais Militares de 2011, onde arbitrei a final entre Argélia e Egito”, contou.

Além de militar e árbitro, Marcelo também atuou como goleiro no início de sua trajetória esportiva. Começou nas categorias de base do Bangu, América-RJ e Operário-MS — clube com o qual tem forte identificação. Posteriormente, defendeu equipes militares, incluindo a seleção da Marinha, com a qual participou dos Jogos Mundiais Militares de 2005, na Alemanha.

“Eu nasci no Rio de Janeiro, mas como meu pai, José Henrique Neto, era Fuzileiro Naval e foi transferido para Ladário, acabei sendo criado no Mato Grosso do Sul, o que fez meu time do coração ser o Operário. Confesso que é o único time que eu tenho uma camiseta e posso chamar de meu. Com certeza meu pai foi uma forte influência para eu escolher a vida de militar, assim como para me tornar um árbitro, como ele foi por 20 anos”, relatou.

Valores da carreira militar acompanharam Marcelo nos gramados

Em 1995, quando ainda era Cabo e atuava como goleiro na seleção da Marinha, Marcelo iniciou sua trajetória como árbitro. “Meu pai me incentivou a fazer um curso de arbitragem. Fiz o curso e, no mesmo ano, comecei a apitar jogos internos da Marinha”, explicou.

O árbitro afirmou que o que mais sente falta da vida militar são os companheiros de farda. “Houve um vazio, mas também uma sensação de dever cumprido quando fui para a reserva dos Fuzileiros Navais. Sinto o mesmo agora, ao encerrar minha trajetória como árbitro de futebol. Foram mais de 40 finais de campeonatos, muitas amizades e a oportunidade de conhecer diversos lugares. A saudade certamente permanecerá”, declarou.

Durante sua carreira como Fuzileiro Naval, Marcelo participou de mais de 500 dias de manobra e atuou em missões de paz no estado do Rio de Janeiro. “Foi marcante analisar artefatos explosivos em situações reais. Tive a percepção do valor que minha equipe e eu representávamos para a sociedade”, relatou. Ele também destacou as travessias, manobras e desembarques como experiências profissionais significativas.

“Certa vez, um jornalista me perguntou se ser militar me atrapalhava em campo. Expliquei que, na verdade, o espírito de corpo desenvolvido nos Fuzileiros Navais fez toda a diferença para minha formação como árbitro. Quando um comandante manda um soldado pagar dez flexões, ele não apenas observa: ele executa junto. Essa união me ensinou a liderar pelo exemplo”, explicou.

Carreira de árbitro

Marcelo iniciou sua carreira como árbitro em 1995, atuando inicialmente em jogos militares. Em 2003, apitou sua primeira partida no Campeonato Carioca, entre Madureira e Bangu. No mesmo ano, passou a integrar o quadro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), estreando na Série C do Campeonato Brasileiro no confronto entre Macaé e Portuguesa-RJ. Sua primeira atuação na Copa do Brasil ocorreu em 2006, entre Estrela do Norte e Guarani. Em 2007, fez sua estreia na Série A do Brasileirão na vitória do São Paulo sobre o Goiás, no Estádio do Morumbi.

Em 2008, ingressou nos quadros da Federação Internacional de Futebol (FIFA) e atuou nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2014, nas partidas entre Peru e Equador e entre Uruguai e Argentina. Em 2017, retornou à Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ).

Marcelo destacou como partidas marcantes as finais disputadas no Rio de Janeiro, quatro edições do clássico Grenal (disputa entre os clubes brasileiros Grêmio e Internacional) e o confronto entre Uruguai e Argentina pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2013, no qual a seleção uruguaia venceu por 3 a 2.

“Agora não irei mais retornar aos campos, mas sigo como árbitro de VAR. Eu disponho de um vasto conhecimento sobre essa tecnologia, sobre as câmeras, além de ser o árbitro mais velho do Brasil, pois vou fazer 54 anos em agosto. Essa vivência de campo, somada ao conhecimento da tecnologia, a qual eu fiz vários cursos para dominar melhor, fazem com que eu esteja preparado para essa nova etapa”, afirmou.

Em 2025, encerrará oficialmente sua atuação em campo, dando continuidade à carreira como árbitro de vídeo (VAR) no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil.

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Comentários

Altair Tone (não verificado) Dom, 18/05/2025 - 04:59

Que Deus te abençoe, nesta nova etapa de sua vida! Forte abraço!
Do amigo de sempre!

EP tONE

Fabio de vasco… (não verificado) Dom, 18/05/2025 - 07:38

pois é, sentimos saudades dos companheiros de farda da briose.

Bom dia!

Souza Neto (não verificado) Dom, 18/05/2025 - 08:05

Não tivemos a oportunidade de nos conhecermos na ativa, mas acho que estivemos bem próximos nos anos 90. Você no Batalhão de Engenharia e eu no então Batalhão de Manutenção e Abastecimento, no Complexo Caxias-Meriti.
Muito boa sorte hoje e sempre!
ADSUMUS!

SubOficial Fuz… (não verificado) Dom, 18/05/2025 - 12:20

Parabéns Marcelo,pela sua trajetória,não só no CFN como também na Arbitragem Brasileira,no qual acompanhei vários jogos comandados pelo seu trabalho

MARÇAL CFN (não verificado) Dom, 18/05/2025 - 19:15

Parabéns meu amigo, tantos no FN , como na arbitragem.
TURMA 1988 CFN
UM GRANDE ABRAÇO

MARÇAL CFN (não verificado) Dom, 18/05/2025 - 19:16

PARABÉNS MEU AMIGO, SUCESSO QUE FOI NO CFN , TANTO NA ARBITRAGEM.
TURMA 1988
UM GRANDE ABRAÇO

Daniel Sampaio (não verificado) Seg, 19/05/2025 - 04:53

"Construir, as vezes destruir, mas sempre apoiar!"
Além de um excelente Árbitro é um Engenheiro de Combate como servi por alguns anos lá!

Orandir (não verificado) Seg, 19/05/2025 - 09:24

Limão,Deus te proteja,na nova caminhada! Forte abraço do teu irmão de arma, Orandir. Não esqueça que também foste goleiro de futsal.

J.silva (não verificado) Ter, 20/05/2025 - 11:45

Meu irmão, que papai do céu continue abençoando sua vida. Adsumus !!!

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