A Marinha do Brasil (MB) encerrou, na quarta-feira (9), sua participação na Operação Redentor, voltada à segurança marítima e litorânea da cidade do Rio de Janeiro (RJ), durante a reunião de Cúpula dos BRICS, que ocorreu nos dias 6 e 7 de julho. Para garantir a proteção do evento, a MB mobilizou um efetivo superior a 2.100 militares, além de 25 meios navais, 2 meios aeronavais e 108 meios de Fuzileiros Navais.
Com base no Decreto nº 12.541, de 1º de julho de 2025, que autorizou o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), foi ativada uma Força Naval Componente (FNC), atuando entre os dias 2 e 9 de julho. Essa Força teve a missão de incrementar a segurança de uma área marítima de 270,68 km², que compreende as praias de Copacabana, Ipanema, Leblon, São Conrado e Recreio, bem como as águas interiores da Baía de Guanabara e outros locais de interesse.
Em mais de mil horas de navegação, os meios navais percorreram cerca de 1.800 milhas náuticas (aproximadamente 3.300 km), distância equivalente a uma viagem de ida e volta ao Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade, ponto mais oriental do território brasileiro, no meio do Oceano Atlântico. Como resultado das ações de patrulha e fiscalização marítima e fluvial, 430 embarcações foram inspecionadas, com o apoio de sistemas de monitoramento em tempo real e a atuação de militares, inclusive no Centro de Operações Rio.
Coordenada pelo Ministério da Defesa, por meio do Comando Operacional Conjunto Redentor, a FNC atuou de forma integrada com o Exército Brasileiro, a Força Aérea Brasileira e demais órgãos de segurança pública, com o apoio do Comitê Executivo de Segurança Integrado Regional. Essa articulação foi essencial para otimizar a comunicação entre as diversas instituições envolvidas na segurança dos Chefes de Estado, representantes de bancos centrais, delegações dos países-membros dos BRICS, além da população e dos turistas presentes.
Durante a operação, a Marinha também empregou militares especializados que atuaram em diversas frentes. Na área de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica (NBQR), foram efetuadas mais de 400 varreduras em veículos, embarcações e edificações. No campo da guerra eletrônica e da defesa cibernética, houve monitoramento e bloqueio de máquinas infectadas.
No campo da defesa antiaérea, a MB integrou a Sala Master, de onde foram coordenados os empregos de meios aeronavais, sob supervisão do Comando de Operações Aeronavais. Além disso, manteve aeronaves e militares em constante prontidão operacional e logística para cumprir a missão.
A MB contribuiu, ainda, para as 94 escoltas realizadas durante o evento. Ao todo, 157 batedores, divididos em 15 equipes, percorreram aproximadamente 5 mil quilômetros de deslocamento durante a Operação, equivalente à distância entre o Rio de Janeiro e Belém, palco da COP-30.

A Marinha na GLO dos BRICS
A FNC foi estruturada em um Estado-Maior responsável pela coordenação estratégica e pelo controle das ações operacionais da Marinha, além de dois Grupos-Tarefa (GT), Marítimo e Litorâneo. No mar, a MB atuou por meio do GT Marítimo, composto pela Fragata “Liberal”; pelos Navios-Patrulha Oceânicos “Amazonas” e “Apa” e pelos Navio-Patrulha “Macaé”, “Gurupá”, “Gurupi” e o Navio de Apoio Oceânico “Purus”; as Embarcações de Desembarque de Carga Geral “Guarapari”, “Camboriú” e “Marambaia”; as Embarcações de Desembarque de Viaturas e Materiais “Cagarras” e “Cataguazes”; os Avisos Patrulha “Albacora” e “Marlim”; o Navio de Apoio Costeiro “Almirante Hess”; as aeronaves UH-15 “Super Cougar” e AH-11B “Lince”, além de lanchas e motos aquáticas. O GT conduziu ações de patrulha naval, patrulhamento, além de controle e interdição de áreas marítimas. Esteve, ainda, preparado para realizar operações de mergulho, reforçar a segurança das infraestruturas críticas, transportar tropas do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) e, caso necessário, executar a evacuação de autoridades.

Em terra, o GT Litorâneo - composto por tropas especializadas do CFN e meios como: Carro Lagarta Anfíbio (CLAnf), Viatura Blindada Especial Sobre Rodas (Piranha) e Viatura Blindada Leve Sobre Rodas (JLTV) - conduziu ações de vigilância e segurança do perímetro, reforçando a proteção de locais sensíveis, realizando varreduras contra ameaças NBQR e patrulhamento de vias, além de estarem prontos para atuar em situações de distúrbios civis. O GT Litorâneo também desempenhou papel estratégico contribuindo com a proteção de locais de eventos, de hospedagens e de infraestruturas críticas no Rio de Janeiro, inclusive com a utilização de robôs de Destruição de Artefatos Explosivos. Sua atuação abrangeu, ainda, a prontidão para resposta tática a incidentes de segurança e apoio à evacuação de autoridades, ampliando o alcance das medidas preventivas e cooperando para a manutenção de um ambiente seguro durante a Cúpula.

Além da estrutura da FNC, militares das unidades de Operações Especiais da MB - Comandos Anfíbios (COMANF) e Mergulhadores de Combate (MEC) - também atuaram, tanto em terra quanto a bordo de navios, em coordenação com as demais Forças e Agências envolvidas na operação. Esses militares, por serem altamente especializados, são empregados em situações de respostas rápidas a ameaças assimétricas e contraterrorismo.

Legado
As operações de Garantia da Lei e da Ordem representam uma oportunidade concreta de aplicação, em ambiente real, de toda a preparação à qual tripulações e meios são submetidos rotineiramente. Nessas ocasiões, é exigido das tropas elevado grau de agilidade, flexibilidade, integração e capacidade de atuação em cenários adversos. Sob a coordenação do MD, as ações integradas deixam legados relevantes para a Força, sobretudo por favorecerem o fortalecimento das relações interagências e permitirem o emprego conjunto, integrado e eficiente de meios de Comandos distintos.
A participação na Operação Conjunta Redentor possibilitou o aprimoramento da capacitação dos militares e do aprestamento dos navios e demais meios navais empregados”, destaca o Comandante do GT Marítimo, Capitão de Mar e Guerra Elinton Barcelos Coutinho. “Durante a operação, por exemplo, foram realizados exercícios específicos, como a requalificação em pouso a bordo durante a noite e a qualificação em pouso a bordo durante o dia, deixando os meios aptos a receberem aeronaves em algumas situações específicas. O aumento da qualificação dos nossos militares tem impacto direto na sociedade, pois aprimora a capacidade da Força de realizar sua missão constitucional e cuidar da nossa Amazônia Azul, um dos maiores patrimônios brasileiros”, conclui.
No âmbito do CFN, a Operação foi uma oportunidade de aplicar os princípios doutrinários e a capacidade expedicionária dos Fuzileiros Navais. “O cenário urbano e litorâneo exigiu respostas rápidas, integração entre diferentes Unidades-Tarefa e flexibilidade nas ações — elementos que reforçaram a importância da prontidão operativa e da eficiência no Comando e Controle. A operação também permitiu validar soluções logísticas, ajustar procedimentos e aprimorar a interoperabilidade entre os meios”, enfatiza o Comandante do GT Litorâneo, Capitão de Mar e Guerra Fuzileiro Naval Leonel Mariano da Silva Junior.

A experiência acumulada na operação permitiu ainda a consolidação de práticas operacionais eficientes e o engajamento com órgãos civis estratégicos. Tudo isso se traduziu em ganhos concretos para a prontidão e a capacidade de pronto emprego da MB, alinhando-se aos mais elevados padrões de emprego militar em ambientes complexos e de visibilidade internacional.
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